“Saí do Festival de Kuduro completamente emocionado” declarou Jomo Fortunato

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Jomo Fortunato, jornalista cultural e crírico. Foro: DR
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Durante a última edição do programa radiofónico da LAC, cujo formato é de uma conversa sem moderador, que abordou sobre “A Música Popular Angolana”, o jornalista cultural e crítico literário falou da sua experiência que viveu como júri no festival “Top Kuduro”

REDACÇÃO

Estas palavras foram proferidas nesta quarta-feira, 27, durante o “Conversa a Dois”, no qual os convidados do mês foram o vice-presidente da Fundação Sindica Dokolo, Fernando Alvim e Jomo Fortunato, presidente do Memorial Dr. António Agostinho Neto.

Jomo Fortunato não duvida que o kudurista produz arte e usa as ferramentas que tem. “Eu fui convidado há 5 anos para uma das edições do ‘Top Kuduro’, organizado pela Rádio Escola. Não tinha a noção deste género. Primeiro, porque a minha geração não compra disco de Kuduro, veja o fenómeno de longe. Porém, foi a primeira vez que eu vi a desfilar o que de melhor existe no Kuduro.”, declarou o jornalista, reforçando que entre os artistas presentes estavam Noite e Dia e Puto Lilas, este último, que o classificou como um artística fantástico.

Argumentando que foi a primeira vez que tive a percepção do estilo de forma directa, até porque era presidente do júri. “E como presidente, estava ao lado do palco a assistir ao festival. Meus amigos, eu saí de lá completamente emocionado! Quer dizer que tenho de perceber o kuduro de cima e não como a música bem comportada de Carlos Lamartine. O Kuduro deve ser analisado no interior do próprio género musical.

E às vezes, comete-se o erro de comparar o kudurista tal com o cantor fulano, isto é complicado!”, observou.

O também professor universitário acrescentou ainda que a análise do Kuduro tem de ser feita à parte. E a Música Popular Angolana é mais ritmada que as outras, mas tem uma letra intelectualizada. “Nós temos aí um Kuduro rimado. No entanto, a academia está ausente. Tu tens arte em todas as épocas e em todos os lugares, desde que haja presença humana. Claro que a arte, o mecanismo, a aprendizagem e os produtos são diferentes. Temos uma juventude que teve o percurso que teve. Por exemplo, um jovem que bebe o seu leitinho e estuda Literatura Portuguesa, não vai escrever “vou te dar, vou te dar”. Mas, este “vou te dar, vou te dar”, o que é? Não é arte? Porque que não é arte? Aí é que está o problema! Como vamos discutir este assunto?”, questionou o crítico literário, exemplificando que esteve no encontro “Samba no Brasil”, no Rio de Janeiro, onde havia uma estudiosa que estava a comparar o Fank, equivalente ao Kuduro, com conteúdos teóricos de filosofia alemã.

Por sua vez, Fernando Alvim realçou que as músicas mundialmente conhecidas são pobres nos textos e continuam a ser hoje uma referência na História da Música. “A questão é: será por ser Kuduro e provir de Angola é que tem de ser mais pressionada? Ora que, a música contemporânea na Europa, para muitas gente é empregável, são feitos por mais velhos, intelectuais e musicólogos. O Kuduro emerge por razões sociais, políticas, culturais e o contexto é completamente diferente.”, realçou.

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