O Marimba Selutu destacou-se na cobertura da 3ª edição do Festival de Música e Dança Regional Leste (Ngeya) 2024 e entre artistas e o público, alguns titulares de cargos públicos do governo concederam-nos entrevista.
É o caso do Director Nacional para às Comunidades e Instituições do Poder Tradicional do Ministério da Cultura que, em breve trecho, nos apresentou a sua posição sobre o festival Ngeya e demais festivais da região Leste, as actuações dos grupos e como o Ministério da Cultura tem trabalhado para que mais empresas apostem no incentivo financeiro à cultura e artes através da lei do mecenato.
Além de reviver o Sassa Tchokwé dos ana época que os conheceu, nos anos 80, o também linguísta e docente univeristário revelou a sua experiência única sobre a visita feita a mina de Catoca, numa comitiva composta de jornalistas, académicos, pesquisadores, escritores e demais membros da mineradora angolana.
Fernando Guelengue | Texto
Jacinto Figueiredo | Fotos.
Sabemos e acompanhamos a sua presença na 3ª edição do Festival de Música e Dança Regional Leste (Ngeya) na qualidade de representante do ministro da Cultura. Que lições tirou desta edição na Lunda Sul?
O que tenho a dizer é que em todos os aspectos encontramos uma boa organização. Logo a chegada à Saurimo, tivemos a oportunidade de participar numa palestra sobre a Cultura Tchokwe e a sua Gastronomia. No dia seguinte, assistimos na íntegra ao desfile dos grupos tradicionais. Bem organizados, e com cânticos aliciantes, para o evento, conforme o termo “Ngeya”. Música e dança do Leste. Saímos daqui satisfeitos, esperamos que a próxima seja melhor que…
Como avalia esta iniciativa de responsabilidade social da Sociedade Mineira de Catoca para a sociedade em geral e a região Leste em particular?
É com grande satisfação que temos que considerar à Sociedade Mineira de Catoca, visto que, daquilo que é, da sua responsabilidade social, em apoiar às comunidades do Leste e não só. Por isso é de louvar a iniciativa de Catoca.
Mas Cotoca alerta a entrada de novos players no sentido de alargar ainda mais os incentivos e as demais dinâmicas deste que tem sido considerado o maior festival da região. Como o ministério pensa e ajudar neste sentido?
Bem, Catoca, é Catoca. Nós como Ministério, continuaremos a fazer o nosso papel, de apoiar da forma metodológica e institucionalmente.
Sabemos que esteve na comitiva de jornalistas que visitou a mina de Catoca. Que avaliação faz desta visita e quais lições conseguiu tirar dela?
Para melhor dizer, fiquei bastante comovido com a dinâmica do trabalho, e como é explorado o diamante. Depois da explicação exaustiva dos engenheiros e encarregados das obras, tenho a dizer que saí de Catoca com uma avaliação positiva e parabéns aos seus responsáveis.
Desde os tempos remotos, o povo Lunda–Tchokwé sempre marcou a diferença no canto, dança e escultura
Como encarou a exibição dos grupos das três províncias da região Leste?
Em termos de cultura dançante, nos grupos tradicionais da região Leste podemos destacar a Lunda–Tchokwé. Desde os tempos remotos, este povo sempre marcou à diferença, no canto, dança e escultura; não é por acaso que temos a figura do pensador…é fruto dos hábitos e costumes deste povo.
Quais as principais e mais marcantes memórias que levou deste que está a ser considerado o maior Festival da Região Leste de Angola?
Caros jornalistas e amigo do Marimba, devo expressar-me aqui, que “Eu sou Ngeya”, para dizer que, só falhei na primeira edição. Estive presente na 2ª que –se realizou na cidade do Luena, e hoje na 3ª Edição. Portanto, esta superou às expectativas e não há dúvidas que é [o Ngeya] é o maior festival do Leste de Angola, apesar de ainda termos dois outros como é o Festival Luvale e Festival Lunda Ndembo, este último já realizado no mês passado, no município do Alto Zambeze.
Sassa Tchokwé é um grupo que sempre representou a Cultura Lunda-Tchokwe duma forma brilhante
O grupo Sassa Tchokwé foi o homenageado desta 3ª edição. Gostou da performance deste emblemático conjunto?
Olha, para dizer a verdade, foi o expoente máximo do festival. Conheci o grupo desde os anos 80, se à memória não-me atraiçoe. É um grupo que sempre representou a Cultura Lunda-Tchokwe duma forma brilhante. Tem registos de participações interessantes. Temos que agradecer ao governador da Lunda Sul, por ter resgatado, agrupando os seus elementos que andavam de “costas viradas”, hoje assistimos, um Sassa Tchokwé Internacional rejuvenescido. Porque, Sassa Tchokwe, tinha perdido à liderança. Os mais atentos sabem o porque…
Este grupo reclama a falta de apoios financeiros para gravação de músicas e videoclipes. O que o ministério tem feito para facilitar estes aspectos?
Para lhe ser franco, não gostaria de falar sobre finanças não é do meu domínio, sabemos que temos problemas de vária ordem…
E a lei do mecenato ainda não está a ser levada à sério para aumento dos apoios de empresas e a redução dos impostos?
O Ministério tem trabalhado, no sentido de que o mecenato torne-se realidade…
PERIL DO ENTREVISTADO
Albano Cufuna é Linguista de formação. Mestre em Língua Inglesa e Literatura da Língua Inglesa, pela Universidade Agostinho Neto, professor universitário, leccionando as cadeiras de Língua Inglesa e Linguística Bantu, na Universidade Independente de Angola. Doutorando em Linguística Aplicada, pela UMA- Mercosul. Actualmente desempenha a função de Director Nacional para às Comunidades e Instituições do Poder Tradicional do Ministério da Cultura.