O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou, na última sexta-feira, 31, uma resolução sobre o Saara que, segundo o Rei Mohammed VI, constitui “um ponto de viragem decisivo” no processo de consagração da marroquinidade do território.
Num discurso proferido logo após a adopção da resolução, o monarca marroquino expressou satisfação com o conteúdo da decisão, considerando que esta “abre um novo capítulo vitorioso no processo de consagração da marroquinidade do Saara, destinado a encerrar definitivamente o dossiê deste conflito artificial, mediante uma solução consensual baseada na Iniciativa de Autonomia”.
Trata-se, afirmou o soberano, de “uma etapa crucial e de um ponto de viragem na história do Marrocos moderno”, sublinhando que chegou o momento do “Marrocos unido, que se estende de Tânger a Lagouira, e de um país cujos direitos ninguém ousará violar nem transgredir as suas fronteiras históricas”.
O rei destacou que, nos últimos anos, a dinâmica impulsionada pelo Reino “começou a dar frutos em todos os planos”, precisando que “dois terços dos Estados-membros das Nações Unidas consideram hoje a Iniciativa de Autonomia como o único quadro válido para alcançar a resolução deste conflito”.
Mohammed VI referiu ainda que o reconhecimento da soberania económica de Marrocos sobre as suas províncias do Sul se alargou significativamente, após grandes potências económicas como os Estados Unidos, a França, o Reino Unido, a Rússia, a Espanha e a União Europeia terem decidido incentivar investimentos e promover trocas comerciais com essas regiões.
Com esta vantagem, afirmou o soberano, as províncias do Sul “podem afirmar-se no seio do seu ambiente regional, incluindo a região do Sahel e do Saara, como um polo de desenvolvimento, de estabilidade e um eixo central da actividade económica”.
Em conformidade com a nova resolução da ONU, o Reino procederá à actualização e formulação detalhada da Proposta de Autonomia, com vista à sua submissão às Nações Unidas, acrescentando o rei que, “enquanto solução realista e aplicável, deverá constituir a única base de negociação”.
O monarca agradeceu a todos os países que, através das suas posições construtivas e esforços contínuos “em favor do direito e da legitimidade”, contribuíram para a adopção da resolução, com uma menção especial aos Estados Unidos da América, sob a liderança do Presidente Donald Trump, cujos “esforços permitiram abrir caminho a uma solução definitiva deste conflito”.
Mohammed VI expressou igualmente os seus agradecimentos ao Reino Unido e à Espanha, e de modo particular à França, “cujos esforços contribuíram para o êxito deste processo pacífico”.
O soberano agradeceu ainda “a todos os países árabes e africanos irmãos que nunca deixaram de manifestar o seu apoio incondicional à marroquinidade do Saara, bem como aos diferentes países do mundo que apoiam a Iniciativa de Autonomia”.
O Rei afirmou que Marrocos continua empenhado em alcançar “uma solução que permita a todas as partes salvarem a face, sem vencedores nem vencidos”, sublinhando que o Reino “não exibe estas mudanças como um troféu, nem pretende alimentar antagonismos ou acentuar divisões”.
APELO AO DIÁLOGO COM ARGELINOS
Neste contexto, apelou às populações dos campos de Tindouf, no sudoeste da Argélia, para que aproveitem “esta oportunidade histórica” e regressem ao seio do seu país, beneficiando da possibilidade que a Iniciativa de Autonomia oferece de contribuir para a gestão dos assuntos locais, para o desenvolvimento da sua pátria e para a construção do seu futuro num “Marrocos unido”.
“Na minha qualidade de Rei, garante dos direitos e liberdades dos cidadãos, afirmo solenemente que todos os marroquinos são iguais, sem qualquer diferença entre os que regressam dos campos de Tindouf e os seus irmãos instalados no resto do território nacional”, declarou o monarca.
Mohammed VI convidou ainda o Presidente argelino, Abdelmadjid Tebboune, para “um diálogo fraternal e sincero entre Marrocos e Argélia”, com o objetivo de “ultrapassar divergências passadas e lançar as bases de novas relações assentes na confiança, fraternidade e boa vizinhança”.
O soberano reafirmou, por fim, o compromisso de Marrocos em continuar a trabalhar para o relançamento da União do Magrebe, “com base no respeito mútuo, na cooperação e na complementaridade entre os cinco Estados-membros”.


































