Ando vendo o Curumin para lá e cá. Saracuteando na tela do celular, escrevendo oceanos e musicando. Talvez na pressa, vai e vem danado, não tenha me atentado ao que mostra. Talvez as queimadas brasileiras estratégicas e o ar absurdamente poluído tenham me desconcentrado na busca por respiro. Mas cá está. Tem trabalho novo do Curumin! Música, seu mundo, que gentilmente divide com a gente.
Na selva de pedra – SP, fones são ponte ao acesso para Pedra de Selva, pedrada que acontece agora, novo trabalho na música do artista que, certeza, representa uma antiga dádiva recorrente em que o som se torna a gente também. Recorrente pois traz a regularidade de sua poesia acostumada ao improvável, desconcertando qualquer convicção. Isso é certo.
– O Curumin é o melhor baterista do Brasil! Toca e canta.
Essa frase me encontrou lá em 2012, acentuando minha curiosidade e descrença. Então, para mim, melhor era quem a Rolling Stone falava que era. Listas e mais listas dominadas por estrangeiros. A gente muda, não? Fui ver com os ouvidos de quem se tratava e desde então escrevo textos mentais sobre sua obra. A organização veio agora. Só agora, após tanto. Só agora em que as ideias são postas em palavras. É assim mesmo. Agora que tem trabalho novo, mas os de antes também. Agora que é cada vez mais “isso” a habilidade transcendente de ser reconhecido já na primeira nota. Aquele groove, irmão, é Curumin. E é! Aquele som, irmão, é ele. E é, viu?
É sempre bom reencontrar o Curumin. Os arranjos, notas, a suavidade da voz e o balanço balançando o corpo mais duro. Músicas para fazer pensar e dançar. Ou um e outro. Não se escolhe. Mas é bom. É bom reencontrá-lo numa manhã em que, pasme, chove em São Paulo. Numa manhã que o som de seu novo trabalho conversa com as almejadas gotas de chuva na janela do ônibus. Dá vontade de acreditar de novo. Dá vontade de retomar o que estava parado. Dá vontade de chamar a Natalie Portman e pedir que escreva mais uma carta para ele ou faça uma nova lista de músicas incluindo-o. Ela e tantos outros. Dá vontade de pedir para todos não se esquecerem de contemplar um gigante com vulgo de miúdo e seu novo trabalho, Pedra de Selva. É sempre bom.
Mon ami Curumin
Muito bom você aqui