“Discurso de Neto dá pistas para a construção de um País aberto ao mundo”, Raimundo Salvador

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Jornalista angolano Raimundo Salvador. Foto: Divulgação
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No dia 8 de Janeiro de 1976, o então Presidente da República Popular de Angola e também considerado o fundador da Nação, António Agostinho Neto proferiu um discurso que marca o Dia Nacional da Cultura. O jornalista faz uma reflexão  sobre o dia.

O jornalista cultural e apresentador do programa radiofónico “Conversas à Sombra da Mulemba”, Raimundo Salvador, manifestou a sua opinião sobre o estado actual da Cultura Nacional, focando-se ao discurso histórico de António Agostinho Neto.

Em entrevista ao Portal Marimba Selutu, o crítico cultural referiu que até ao momento, os angolanos não têm à dimensão do significado deste dia, da sua simbologia e do alcance do discurso cultural de Agostinho Neto feito no 8 de Janeiro de 1976, que sustenta a adopção deste dia.  “Política à parte, mas estão aí pistas do trabalho para as acções que devem ser desenvolvidas em prol da construção de um País aberto ao mundo e, ao mesmo tempo, capaz de viver a sua Cultura sem chauvinismo”, observou Raimundo Salvador, considerando que neste discurso estão as bases, os alertas de que no processo de desenvolvimento, a dimensão cultural é um elemento central.

Raimundo Salvador exemplificou que no último Domingo, 13, numa das edições do seu programa, os participantes  falaram da cerimónia Efico, organizada pela primeira vez em Luanda, na zona do Ramiro, pela comunidade Nhaneka. “Ouvindo jovens e mais velhos, pude verificar que há neste ritual de iniciação feminina  à idade adulta, valores, conhecimentos que podem ser aproveitados de modo a combater a gravidez na adolescência,  uma verdadeira praga.”, explicou, sugerindo que quem lê a “Trilogia do Reino do Kongo”, do professor Batsîkama,  percebe claramente à forma de gestão e administração desta grande Nação ancestral,  na qual há uma base que pode ser aproveitada na contemporaneidade.

Falar do dia 8 de Janeiro, acrescenta o pesquisador,  é também denunciar à transformação do Largo do Pelourinho – uma memória do período da Escravatura – transformada em parque de estacionamento pela Empresa Provincial de Água de Lunda (EPAL), na Baixa de Luanda. “Falar do 8 de Janeiro é lamentar, até ao momento, a não transformação dos grupos carnavalescos em entidades jurídicas, trabalho de base já foi feito no tempo do consulado da historiadora Rosa Cruz e Silva”, lamentou, citando uma das frase do discurso do primeiro Presidente da República de Angola, em 1976: “Um povo que não conhece à sua Cultura e à sua História,  é um povo perdido em busca de si mesmo”.

Recorrendo ao provérbio de uma amiga, Judith Luacute, o jornalista considera que sem a Cultura Angolana, não seríamos um Povo, mas, “sim, uma imitação de uns outros”. “O dia 8 de Janeiro, deveria ser o ponto máximo de uma acção contínua e diária de empoderamento cultural de cada um de nós, tanto como indivíduos ou colectivamente,  enquanto País”, rematou.

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