Fascista Fofo – Guigo Ribeiro

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Os fascistas fofos estão chegando. Atenção! Os fascistas fofos estão chegando. Agora, devagar. Fechem suas casas, suas redes. Façam uma oração. Eles estão chegando sem alarde. Sem escancarar o quão perversos são. Sem ismos declarados. Chegam num almoço de domingo com a sobremesa preparada pelas mães idosas. E sentam.

Os fascistas fofos se apresentam como canções em corações desesperados. Acalantam distraídos. Fazem o que fazem e só fazem pelo bem. Amém! Vãos aos cultos e destroem terreiros. Professam fé. Amém. Correm em praias quentes com um cão raivoso na coleira. Mordem os que pensam em discordar. Pousam sorrides quando o sol se vai e esmurram suas esposas antes de dormir. São educados, sorriem e matam jantando. Não gritam palavrões (abertamente). São sensíveis no post e matam com faca. Abraçam crianças e matam sem câmera. Convidam youtubers para passeios dominicais com viaturas em caça pelos que amam matar. Falam bem. Não produzem nada novo, mas falam bem. Criam os problemas que prometem resolver. De um jeito ou de outro. Criam os problemas que cansam o povo e resolvem com ações na bolsa de valores.

Homens da lei, antigos e atuais, banalizam suas violências numa sala alugada em que nasceu o atual maior podcast. Detalham a punição de criminosos ou não. Mortes, tapa na cara, balas  e seu endereço em criminosos ou não. Riem e fazem rir. Produzem um humor mórbido, cativando sedentos por justiça e aplicando significativa injeção de sadismo. Riem de criminosos ou não numa sala alugada em que nasceu o atual maior podcast de qualquer coisa. Homens da lei, antigos e atuais, usam esse espaço para naturalizar a violência fantasiada de justiça, à serviço dos fascistas fofos que neles dão ordens, acatadas como bicho adestrado.

Homens batendo continência são impulsionados por outros homens. Homens humilhando mulheres tornam-se ídolos. Eles são impulsionados por políticas de afirmação hétero desesperada. Eles são impulsionados por meios que dedicam arduamente seu tempo para provar a efetividade masculina. Eles, repetem todo o tempo, não são otários. Homens se cultuando, se aplaudindo. Uma rede frágil usando de força para provar qualquer coisa. Homens difundindo constantes riscos: estupros em escola como prática pedagógica, condicionamento comportamental à diretrizes imorais, merenda com maconha, sodoma e gomorra nos banheiros. Um pânico calculado e resolvido por suas fofuras. Resolvido pela fofura do fascista fofo.

O velho mundo ruiu numa queda ao nada. O teste apresentou êxito: a ascensão de um medíocre ao posto mais alto da nação. E sem profundas transformações de procedimentos. Como era, ficou. Sujo, torpe, chulo. Assim, a ideia: se um obsoleto subiu tão alto, como seria equivalente forma numa embalagem que aparentasse maior alcance? A fábrica, então, se meteu à produção de novos modelos. Homens violentos que fingem bem não serem violentos. Homens que apresentam mentirosa posição branda. Perversos.

Os fascistas fofos – isso é um alerta – são muitos. De muitos jeitos. De tantos que podem confundir, ludibriar. Estão em todo lugar. Rezam e matam. Rezam e matam. Não se confunda. Os fascistas fofos – isso é um alerta – são muitos. De muitos jeitos!

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