Com o propósito de revisitar a história e a influência dos clássicos da música angolana através de diferentes disciplinas culturais, a iniciativa vai igualmente valorizar a representação da angolanidade na vertente social.
Tudo começou no fim do ano passado e início do presente ano, na Casa Mocambo, em Lisboa, Portugal, quando os músicos e compositores angolanos Kizua Gourgel e Prince Wadada animaram a noite de réveillon com a fusão dos seus diferentes estilos musicais, gerando enormes sucesso e repercussão.
Falando em exclusivo ao Marimba Selutu, Kizua Gourgel afirmou que, após a colaboração no réveillon tiveram de criar um projecto cultural mais abrangente para que se desse continuidade das suas muitas ideias.
“Decidimos levar mais longe a ideia, transformá-la num projecto mais estruturado e gravar inicialmente um EP com seis faixas musicais”, referiu o também intérprete, acrescentando que, neste primeiro projecto musical vão homenagear a vida e obra dos autores dos clássicos angolanos como “Tchingué”, “Tata Nketu”, “Negra de Carapinha Dura” e outros.
Sem adiantar muito sobre os bastidores do evento de lançamento deste projecto que vai privilegiar todas as línguas angolanas, Kizua Gourgel afirmou que o projecto cultural será apresentado ao público, pela primeira vez, no dia 24 de Fevereiro próximo, no mesmo local onde surgiu a ideia, na Casa Mocambo, o espaço da gastronomia & cultura PALOP.
Questionado sobre o seu entendimento em relação à parceria e ao projecto, o músico Prince Wadada mostrou-se satisfeito com esta iniciativa que considerou ser uma aventura artística. “Acho fantástico e prazeroso fazer música da minha terra e com alguém que melhor do que ninguém poderia fazer parceria numa aventura artística que tem tudo para fazer história”, frisou Wadada, sustentando que faz muito tempo que “queria trabalhar com o Kizua”.
O nome JAHNGOLA é a combinação das expressões “Jah”, uma palavra em hebraico que representa a abreviação de “Yahweh”, que em português significa Jeová, sendo usadas na Bíblia Sagrada como nome de Deus e “Ngola”, que é o termo bantu que representa o título dos reis do Reino do Ndongo e pode também significar “força” em kimbundu e kikongo.
PERFIL DOS ARTISTAS
Foi durante a afirmação do Movimento Rap/Hip Hop Angolano, no início dos anos 90, na capital do país, em Luanda, que Prince Wadada começou o seu percurso artístico.
O seu destaque deu-se depois de vencer um concurso do programa Top Laser da Rádio LAC, altura em que representou os estilos musicais reggae e ragga, tornando-se no seu maior nome em Angola.
Fruto de várias buscas por realizações, emigra para Portugal onde se afirmou como um dos maiores artistas africanos na cena reggae/ragga.
Enquanto que Kizua Gourgel começa a envolver-se com a música desde os seus quatro anos de idade, por influência de dois músicos angolanos, os seus pais.
Na década de 80 fez parte do coral “Os Patinhos,” em Luanda, tendo emigrado para Portugal muito cedo, onde recebem consideráveis influências do rock.
Em meados dos anos 90, regressa a Angola e retorna ao coral a que pertenceu e que ganhou o nome de “As Gingas do Maculusso”, participando de forma activa dos três primeiros álbuns deste grupo musical. E seguiu carreira a solo.
Venceu o Festival da Canção de Luanda e afirmou-se como um dos principais trovadores da sua geração, interpretando músicas de sua autoria bem como os Clássicos da Música Popular Angolana.