O artista plástico angolano Lord Cave fez estas declarações durante o evento Africell Luanda Feira de Arte, ocorrido no último final de semana, nas instalações do Palácio de Ferro, em Luanda. Além de ter dois trabalhos representados na Feira, Cave foi um dos prelectores das conversas com artistas e coradores.
Segundo o artista, os artistas trabalham com ideias que carregam princípios e a sua função social que faz toda a diferença na apresentação dos principais descontentamentos dos problemas sociais do meio imaginário ou que lhe rodeia.
“Uns dos objectivos que o artista tem é que as pessoas na sociedade se identifiquem com a própria produção. Quando a sociedade não se identifica com a sua produção não sei o que o artista está a fazer.” Sustenta Lord Cave, que apresentou duas obras pela Galeria Tamar Golan, pertencente à Fundação Arte e Cultura.
Questionado sobre as principais dificuldades que a classe enfreta, o também professor de artes e empreendedor referiu que as principais dificuldades de que tem domínio são a falta de divulgação das obras, a interacção e/ou a conexão dos artistas com as galerias, a emancipação do artista e a valorização dos trabalhos.
“Até as pessoas que não são artistas, que não entendem de artes a 100%, já conseguem legitimar o artista. Isso é uma grande dificuldade que os artistas têm e, por esse motivo, muitas das vezes conseguimos dar crédito aos artistas que menos produzem em relação aos que mais produzem,” reforçou Lord Cave, manifestando que as artes não são produzidas sem uma intenção real.
O também especialista em pintura pela Universidade de Luanda referiu manifestando a sua satisfação por ser um dos artistas seleccionados pela Tamar Golan.
“É a primeira edição deste evento e enquanto artista da Tamar Golan, fui um dos seleccionados. Não esperava isso, pois é uma grande honra participar com outros artistas espectaculares”, mencionou Cave, acrescentando que, as obras de todos os artistas da Feira estão a ser bem recebidas pelas pessoas que estão a se identificar com elas.
Sobre a representação visual da beleza das artes, Lord Cave percebeu que, as pessoas que acorreram ao evento estão a começar a entender a abordagem e as construções simbólicas que os artistas levaram a Africell Luanda Feira de Arte.
Defendeu igualmente a necessidade dos críticos de artes frequentarem formações nas academias para melhorar as suas abordagens. “Penso que 70% das pessoas que mais criticam actualmente, não têm noção disso. É importante que elas frequentem academias para que tenham poder de criticar, tenham argumento de autoridade e consigam apresentar propostas solucionáveis”, rematou.
Lord Cave é o pseudónimo de Edson Alberto Nzumba, nascido em Luanda, no ano de 1992.
É um artista e designer que cursou Construção Civil no ensino médio, no Instituto Médio Politécnico de Cacuaco (IMPC), entre 2007 e 2010). Concluiu o terceiro ano do curso de Arquitectura e Urbanismo na Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto (UAN), em 2013, e actualmente frequenta o quarto ano do curso de Artes Visuais, especialidade em Pintura, na Universidade de Luanda. É membro da GLX – GÁLAXIA.