“O momento eleitoral representa a maior elevação de uma democracia”, esta foi uma das muitas das minhas citações nos comentários e análises que temos estado a fazer nessa fase de eleições em Angola.
O que está mais evidente neste pleito eleitoral, tirando a degradação da vida do eleitor angolano que muito se queixa, é a presença de um movimento cultural diversificado com artes plásticas, música, dança, teatro e um batuque para mostrar as cores das bandeiras e os rostos dos cabeças-de-lista dos partidos políticos às eleições gerais de 2022.
Olhando para os movimentos políticos e culturais desta campanha eleitoral que vai escolher um único líder dos angolanos para o dia 24 de Agosto, um ponto importante saltou-me à vista: é que todas as organizações políticas estão a usar a cultura para atrair mais eleitores e encherem os comícios.
Os artistas são como qualquer outra organização comercial. Eles entram no mundo artístico por meio do talento, conquistando o público. Após atingir um nível de popularidade e começar a ganhar dinheiro com a carreira, é solicitado a mostrar não só as cores de uma organização comercial, mas também de partidos políticos.
Durante esta competitiva campanha eleitoral, temos visto um volume elevado de artistas a darem cores às campanhas de quase todas as forças concorrentes, com destaque para a UNITA e o MPLA, que lutam desde a época do pós-independência.
Os artistas que aparecem nos comícios do partido governante acabam por serem “obrigados” a darem os rostos à semelhança de muitas igrejas que são orientadas a disponibilizarem os seus altares para mensagens de candidatos à deputado desta organização. O cenário para os artistas que abraçam o maior partido da oposição é completamente diferente. São os ditos músicos conscientes que quebraram com o sistema e dão rosto em apoio ao considerado fenómeno político angolano de momento, o engenheiro Adalberto Costa Júnior.
Muitos temem represálias em caso da UNITA perder as eleições e outros alegam terem liberdade de escolha para as suas vidas, conforme o último pronunciamento do músico Eduardo Paim, que abriu a campanha eleitoral do actual líder do Galo Negro enquanto candidato único no último congresso.
O que se espera dos artistas é que ganhem dinheiro com as actuações e em caso de vitória da força política que está a apoiar, saiba exigir a melhoria do sector cultural nos cinco anos de governação política.
Com RESILIÊNCIA&FÉ.