O artista indicou as consequências da ausência de eventos culturais na zona norte de Luanda, mostrando preocupado com a exposição de trovadores nas praias.
Delgado Teixeira
O músico e trovador Tio Biby manifestou o seu descontentamento com a solidão artística que o deixou desencantado e qualifica como “situação triste e deprimente”.
Falando em exclusivo ao Marimba Selutu, o músico acusou a Administração Municipal de quase nada fazer para emancipar os artistas, desconhecendo alguma produção de evento ligado a musical.
“Eu, por exemplo, não tenho o que testemunhar sobre os feitos da Cultura no nosso Município. É verdade que como músico tenho poucas memórias de actividades promovidas pela Administração em que fui como convidado”, referiu.
O trovador acredita que muito dos seus colegas da arte recorrem a locais impróprios para tocar e cantar por amor à Cultura.
“É triste aquilo que vemos, mas é necessário que o artista faça esses exercícios, pois a arte cobra prática ao espírito e, infelizmente, sem mais onde irem acabam por optar por esses lugares apenas para alimentarem o espírito e continuarem a sonhar”, revelou o artista.
Com o pensamento de que dias melhores virão e estando a preparar vários trabalhos musicais com a produtora Terrível Voice, de Santimant Mwiny, o jovem da trova afirma que é preciso continuar a acreditar e encoraja os colegas a darem o seu melhor, esperando que a diferença se faça sentir na transformação das mentes dos dirigentes do município e exigir que tragam de volta o valor da arte para os actuais fazedores e as próximas gerações.
Diferente de alguns trovadores, Biby apresenta-se nalguns bares de Luanda e Bengo, mas não na dimensão que desejava, o que motivou a lançar um desafio aos promotores de eventos culturais como criação de festivais municipais, concursos musicais e bem como a inclusão massiva de momentos culturais nas actividades da Administração Municipal ou ver outras por forma a abrir mais espaços para actuação dos artistas locais.
Intérprete de músicas em português e kikongo, Tio Biby começou a dar os primeiros passos aos 10 anos de idade como regente de coro da Igreja Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo (Os Tocoístas), e foi apenas em 2018 que tudo começou de forma profissional, destacando-se nos estilos Kizomba, Rumba e Zouk.
Nas noites de trova em bares de Luanda e Bengo, a canção mais requisitada entre os fãs é “Mafuta”, considerando a história de um homem que diz não ter sorte no amor.
Em Outubro do ano passado, lançou o seu mais recente sucesso “Anita”, uma fusão de Zouk e Rumba, cuja a letra retrata o valor que se deve dar às mulheres.
O jovem músico e trovador de 24 anos, é natural de Quitexe, província do Uíge e sonha que os artistas um dia possam viver da arte que produzem.