Totó revela que não produzirá disco por longo tempo

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Totó ST, de seu nome próprio Serpião Tomás, nasceu no seio de uma família religiosa. Foto: DR
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O cantor e compositor fez saber que ficará por um período longo sem gravar um disco, culpabilizando a crise financeira que o País enfrenta neste momento. Para além disso, o músico realça que Angola está a seguir um caminho em que as plataformas digitais serão decisiva na música, realidade que considera já visível em Portugal.

Em declaração à entrevista espontânea de Miguel Neto, em Portugal, o músico angolano Serpião Tomás, “Totó ST”, revelou que vai ficar um tempo sem lançar uma obra discográfica. A entrevista, divulgada nas redes sociais do jornalista, contou também com a participação do músico português Valete e do rapper moçambicano Duas Caras.

Para Totó, este novo disco, cuja gravação está acontecer igualmente na terra de Camões, não será o seu último trabalho, mas que vai ficar sem fazer um CD por longos anos, justificando a dificuldade de se gravar uma obra, atendendo a actual situação financeira que o País enfrenta. “E, por outro lado, neste momento, tenho três obras que ainda não as lancei. No próximo ano, lanço o quarto CD e ainda terei duas obras para lançar. Então, não há necessidade de lançar tão cedo os CDs.”, reforçou o artista e autor de vários sucessos, afirmando que nunca tinha lançado os seus álbuns num período temporal de 1 em 1 ano, ao contrário, fá-los de 4 em 4 anos e garante que dessa vez será por muito mais tempo.

Quanto à produção de discos em Angola, o músico observa que há uma ausência de indústria e que o CD está a cair em desuso, exemplificando que para o seu caso, o mais difícil é a produção dum álbum.  “Nós [os músicos] temos de fazer muitas coisas fora de Angola e sabe [referindo-se a Miguel Neto] que o Kwanza está a perder valor, o que se torna cada vez mais difícil.”, argumentou,  realçando que entende “muito” bem a realidade do rapper moçambicano Duas Caras, pois tem viajado para este país e conhece bem a sua realidade.

Serpião Sebastião acrescenta igualmente que já é altura dos governantes desses países começarem ver que a Cultura alavanca uma sociedade e pode ser também um meio para diversificar a Economia. “[Os governantes] devem começar a investirem mais nesta área para não termos de começar a sair dos nossos próprios países para ir procurar melhores condições fora [no estrangeiro], enquanto poderíamos fazer [as produções] nos nossos países.”, criticou.

PLATAFORMAS DIGITAIS

Relativamente a estas plataformas na música, Totó enfatiza que há algumas plataformas criadas por angolanos e estão a funcionar. “Penso que Valete tem razão, quando disse isto [os artistas com mais sucessos são aqueles que disponibilizam as suas músicas nas plataformas digitais] e Angola tende a ir para este caminho.”, fez saber, considerando que os músicos angolanos tem de fazer um estudo minucioso em relação à indústria musical no País.

Apesar destas dificuldades que os artistas enfrentam, o também compositor, aconselha a não desistir, pois julga que esse caminho não é viável. “Não vamos desistir de fazer Arte, sobretudo, nós que a fizemos por amor. Mas, há acções que transcendem a nossa vontade, como é a questão financeira.”, observou, apelando que os músicos, o Ministério da Cultura e outros ministérios devem reflectir como poderão estimular essa área cultural.

O autor dos álbuns de sucessos “Vida das Coisas” e  “Batata Quente” pensa que ainda não se pode falar de um mercado musical nos países dos Palop, mas, sim, de um intercâmbio. “Penso que muita gente não sabe, que o próprio músico, em si,  também é uma empresa, isto é, pode criar vários postos de trabalhos. Devemos olhar para este lado e começar a levar a Arte e a Cultura para as comunidades, em vez de cerveja.”, alertou, argumentando que há mais cerveja do que cultura nas comunidades em Angola e que o Estado precisa estudar formas de resgatar as suas raízes, a sua Cultura para estar em condições de exportar aquilo que é bem feito no seu País.

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