Jornalista sem casa própria lança “A Casa de Renda” em Luanda

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Manuel Luamba é um actor e jornalista angolano com mais de um década de trabalho. Foto: Rafaela Guelengue
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Manuel Luamba é o autor do livro “A Casa de Renda”, lançado esta sexta-feira, 5, no auditório das Irmãs Paulinas, em Luanda. A obra no género ficção, apresenta relatos baseados em factos reais que se encaixam no perfil de vida de cada angolano que anseia por uma realização no plano habitacional.

Francisco Bussulo

“Ninguém escolhe viver na casa de renda. É uma consequência, agora, se é consequência das políticas públicas, todos nós sabemos que o Estado deve satisfazer as necessidades da colectividade entre elas está, obviamente, a habitação. Eu não trago solução neste livro. Eu levanto o problema”, frisou o autor da obra.

Falando em exclusivo ao Marimba Selutu, Luamba revelou que nunca sonhou viver em casa de renda e considerou ter própria casa um dos propósitos de qualquer jovem em plena idade adulta. “É o meu primeiro de muitos livros. Há tantos projectos já escritos. Este, por exemplo”, sustentou.

“’A Casa de Renda’ comecei-o a escrever em 2009 e terminei em 2014. Claro que não escrevia todos os dias. Era hora pega ou nem tanto assim. O livro já esteve na editora portuguesa Chiado, não foi publicado em Lisboa porque não consegui transferir os dois mil e quatrocentos euros exigidos em 2015 para ser editado. O título era 2ª Casa da Renda. Aqui, decidimos mudar a preposição para ser mais angolano, “Casa de Renda” porque é assim que a maioria se expressa. E acho que a literatura é também isso, com respeito, é claro. às regras gramaticais. São dois elementos: uma parte de mim, uma ficção baseada em factos reais”, revelou o também Jornalista.

Manuel Luamba fez saber também que este não é o seu primeiro livro, é apenas o primeiro a ser lançado, apesar de ser quase impossível lançar um em Angola, dado os custos financeiros, e a edição gráfica que custam os olhos da cara, justificando o investimento, que dificilmente é recuperado pelas razões óbvias. “A conclusão do livro depende sempre a disponibilidade do tempo e da história. Agora tempo para o lançar depende sempre do dinheiro”, reforçou o autor.

O também membro do Sindicato dos Jornalistas Angolanos que afirmou ter caído de paraquedas no mundo da Comunicação Social em 1999, quando terminou o curso de inglês no município do Cazenga, sentiu o lado ardiloso da vida, onde teve de optar em seguir as oportunidades que lhe facilitaram sobreviver em Luanda.

 

“Fiz o curso de pedagogia na ADPP com Mister Paul, com vista a dar aulas de inglês na Shakespear Center, onde lecionei por cinco anos, mas havia necessidade, também de se melhorar o meu nível gramatical em língua portuguesa, logo, me inscrevi no curso de jornalismo no Club de Jovens Amantes de Jornalismo da Igreja de Moisés (CLUJAJIM), um projecto dos jornalistas Eduardo Magalhães e João Manuel”, revelou o autor, acrescentando que naquela altura, sentiu que as coisas estavam a se encaixar e acabou por entrar no sector da Comunicação Social há 16 anos.

A humildade de Manuel Luamba o tornaram num homem, e num profissional de proesa, que o mesmo não sente o gozo do talento, que possui, nem ousa detalhar os maiores feitos que os seus 16 anos de jornalismo o impactaram. Mas o facto de ser porta-voz dos sem vozes nos órgãos por onde já passou quer nos actuais (Rádio Nova e DW) é, na verdade, muito impactante para o nosso o autor. “É bom saber que nós, imprensa, ajudamos o Estado na descoberta de problemas e na materialização das soluções”, sustentou e declarou ainda não ser um jovem realizado.

Para Luamba, o tempo em que está no universo da comunicação socia não o dá grandeza e reserva tempo para adquirir mais experiência com os profissionais de elevada craveira como jornalista João Pinto. “Quando respondi as questões do Folino Sicato há já algum tempo, tinha dito que vou “morrer com a cara trancada” pelo facto de não conseguir realizar os meus sonhos. Mas a luta continua”.

Sem casa própria e um carro acessível para as vias esburacadas da capital Luanda, Manuel Luamba considera como sobrevivente a maioria da população que vive em zonas urbanas, por vivenciarem os dramas de como é viver em casas da renda.

“Marimba tem, seguramente centenas de leitores que já viveram em casas da renda e sabem o abuso de direito e de poder dos senhorios. Então, é também um tema que trouxemos à reflexão neste livro. Não sei qual é a percentagem do Instituto Nacional de Estatística (INE), mas acho que mais da metade vive em casa da renda”. 

PERFIL

Nome: Manuel Luamba
Estado: Solteiro
Filhos: Duas miúdas
Último livro que leu: Manual de Introdução a Gestão – Teoria da Administração, Dimensão histórica, Artística e Cientifica do professor Celso da Silva.
País de sonhos: Não tenho
Cor Preferida: preto e branco
Prato preferido: Funje com qualquer acompanhante de manhã, tarde e noite.
Escritor que mais segues: Agora estou a ler mais Luís Fernandes. Gosto de reler Clandestinos no paraíso.
Virtude: Honestidade e verdade.
O que mais admiras numa mulher: Inteligência e honestidade.
Cantor: Muitos: Paulo Flores, Roberta Miranda. Eminem, AC/DC entre outros.
Música: tantas.
Teatro: O feiticeiro e o Inteligente.
Aventura: Hum!
Perfume: Hugo Boss.
É apaixonado por: pessoas honestas.
Tem carro próprio: Uma lata que anda nas pedras.

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