A grande maioria das pessoas no mundo adquire a cegueira em decorrência de factores genéticos ou hereditários. Entre as principais causas, destacam-se a catarata, o glaucoma, a degeneração macular relacionada à idade e a retinopatia diabética, que afectam tanto crianças quanto adultos.
Fernando Guelengue | ANGOLA
Ao longo da história da evolução humana, a perda ou redução da capacidade visual de um indivíduo, seja num ou em ambos os olhos, foi tratada de maneiras distintas. Na Antiguidade, os hebreus acreditavam que a cegueira era um castigo pelos pecados cometidos. Já na Idade Média, era interpretada como uma vingança ou punição.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), actualmente existem mais de 1 bilhão de pessoas com algum tipo de impedimento visual, seja para perto ou para longe. A OMS também destaca que muitas dessas deficiências podem ser evitadas ou, pelo menos, tratadas adequadamente.
“Quando uma questão visual é negligenciada, as consequências são amplas e variadas. Sem enxergar, a pessoa enfrenta barreiras à educação e ao emprego. Além disso, a perda visual resulta numa vida com saúde precária e uma existência marcada pela desigualdade”, lê-se num comunicado deste Sábado, 4, das Nações Unidas.
Adoptada pela ONU em 2006, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência melhorou os direitos e o bem-estar das pessoas com deficiência visual, reconhecendo o sistema Braille como essencial à educação, liberdade de expressão e opinião.
O acesso à informação para pessoas com deficiência também facilita a inclusão social.
DIREITOS RESPEITADOS
O Dia Mundial do Braille, comemorado anualmente no dia 4 de Janeiro desde 2018, foi instituído para celebrar o sistema de leitura e escrita desenvolvido por Louis Braille, que revolucionou o acesso à informação para milhões de pessoas com deficiência visual em todo o mundo.
Essa data oferece uma oportunidade para promover a conscientização sobre a importância do Braille e a sua contribuição para a inclusão social, educacional e profissional de pessoas cegas ou com baixa visão.
Os símbolos alfabéticos e numéricos do Braille utilizam seis pontos para representar cada letra e número. O sistema também inclui símbolos científicos, matemáticos e musicais. Esses seis pontos em relevo, dispostos verticalmente, permitem diversas combinações.
ORIGEM DO BRAILLE
O Braille é um sistema de leitura e escrita em relevo que possibilita às pessoas cegas ou com deficiência visual ler e escrever de maneira autónoma. Criado por Louis Braille, um jovem francês que perdeu a visão aos três anos de idade após um acidente, o sistema foi desenvolvido em 1824, quando ele tinha apenas 15 anos.
Inspirado por um código de pontos utilizado pelos militares franceses para comunicação noturna, Braille criou o seu próprio sistema, baseado numa combinação de seis pontos dispostos em duas colunas de três pontos cada. Isso formou 63 possibilidades de caracteres, permitindo representar letras, números, sinais de pontuação, símbolos matemáticos e até notas musicais, proporcionando uma rica gama de comunicação e expressão.
A invenção de Braille foi um marco na acessibilidade, permitindo que pessoas com deficiência visual tivessem acesso à leitura, ao estudo e à escrita, promovendo assim a sua inclusão na sociedade.
DIA MUNDIAL DO BRAILLE
O Dia Mundial do Braille foi oficialmente proclamado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2018, com o objectivo de promover a conscientização sobre a importância do Braille na inclusão social das pessoas com deficiência visual.
A data foi escolhida em homenagem ao nascimento de Louis Braille, em 4 de Janeiro de 1809, e visa não apenas reconhecer as contribuições do sistema de leitura e escrita, mas também destacar a necessidade contínua de promover a acessibilidade e a inclusão.
A cada ano, o Dia Mundial do Braille é marcado por eventos, palestras, oficinas e campanhas de sensibilização organizados por instituições e grupos que defendem os direitos das pessoas com deficiência.
É uma oportunidade para discutir os desafios ainda enfrentados por essas pessoas, como a escassez de materiais em Braille, o acesso limitado a tecnologias assistivas e a falta de recursos em muitas partes do mundo.
O objectivo é garantir que o Braille continue a ser uma ferramenta vital para a educação e o empoderamento das pessoas cegas ou com deficiência visual.