O cinema S. Jorg acolheu uma sessão especial no dia 12 de Maio, para a estreia do filme que retrata a vida da ativista Sita Valles e o seu papel nos acontecimentos de 27 de Maio de 1977, em Angola.
Intitulado “Sita – A vida e o tempo de Sita Valles”, o documentário da realizadora portuguesa Margarida Cardoso começou a ser filmado em 2010, a meio da rodagem de “Yvone Kane”, e foi inspirada por uma reportagem que tinha lido. Neste dia de lançamento mundial, assinalar-se-á 45 anos do início de um dos mais trágicos momentos da história de Angola.
O filme, que passa no Festival Internacional de Cinema de Portugal (Indie Lisboa), conta com uma duração de mais de duas horas e meia, com relatos sobre três momentos fundamentais, nomeadamente a vida no colonialismo português, as lutas estudantis no fim do Estado Novo e o início da história de Angola independente, até ao golpe de 27 de Maio.
Apesar de não haver ainda certezas sobre o que verdadeiramente aconteceu no dia das manifestações em Luanda, nas semanas, meses e anos que se seguiram, a autora do documentário não tem dúvidas que fosse quais fossem as divisões no MPLA, Sita Valles foi uma protagonista dos acontecimentos.
“Os testemunhos confirmam isso e eu numa acreditei que fosse de forma diferente”, explica Margarida Cardoso, numa conversa com a TSF, sustentando que outra certeza é a de que a história de Sita Valles, não cabe ainda no registo da ficção.
A realizadora tem trabalhado, tanto em ficção, como em documentário, os temas das colónias portuguesa.
Com este filme, acredita que pode esclarecer alguns detalhes sobre uma época trágica e conturbada, mas não apaga muitas das dúvidas.
De acordo com a nota que tivemos acesso, a estreia nos cinemas ocorreu no dia 12, e nesse mesmo dia, ficou disponível nas plataformas digitais, em DVD e nos videoclubes das operadoras de TV por cabo. A RTP, co-produtora do filme, vai passar uma versão do documentário, dividido em dois episódios.
De lembrar que a 27 de Maio de 1977, houve uma ofensiva, em Luanda, contra o que foi apresentado como um grupo fraccionista do MPLA, liderado por Nito Alves e Zé Van-Dúnem.
No grupo, uma das maiores figuras era a médica Sita Dias Vales, nascida em Angola, de ascendência goesa, casada com Van-Dúnem e antiga activista estudantil, em Portugal, onde foi militante do PCP.
Nito Alves, Van-Dúnen, Sita Valles e pelo menos mais 30 mil pessoas foram presas, torturadas e grande parte, foi morta ou encontra-se desaparecida.