
O músico, empreendedor e palestrante angolano Dog Murras voltou a usar a sua voz para além dos palcos e livros, desta vez com uma poderosa reflexão sobre o estado social e político de Angola.
Nas suas declarações desta terça-feira, 29, o artista comparou o povo angolano a uma “pacaça ferida”, profundamente desconfiada após anos de promessas não cumpridas e uma governação distante das reais necessidades do cidadão comum.
“Se existe uma nova tripulação com vontade de pegar nesse navio e levar para bom porto, então o diálogo conosco não pode vir mais com arrogância”, alertou o também empresário, criticando a postura autoritária de certas lideranças que se escondem atrás de frases como “sabes quem sou eu”, “é ordem superior” ou “eu sou o chefe”.
Para Dog Murras, esses discursos criaram os maus hábitos que contribuíram significativamente para a crise profunda que o país enfrenta. “Foram esses maus hábitos que nos trouxeram até aqui no fundo dessa fossa onde nós estamos”, sustentou.
O autor de livros e vários discos lançados nos mercados angolano e estrangeiros defende um diálogo com mais humilde e, sobretudo, mais participativo com o povo. “O mais importante é resolver com o povo, inclui-lo no plano de governação e escutar o seu choro”, frisou, alertando maior inclusão e escuta activa por parte dos governantes.
Ao mencionar a dura realidade enfrentada pela maioria dos angolanos, o artista sublinhou que não há verdadeira paz enquanto faltar o básico: luz, água, saúde, educação, justiça e alimentação. “Um povo que não tem luz, não tem água, não tem saúde, não tem educação, não tem justiça e não tem pão à mesa, é um povo que não tem paz”, finalizou.
Com sua habitual frontalidade e consciência social, Dog Murras deixa um chamado urgente para a construção de uma Angola mais justa, onde todos possam viver com dignidade.