Apesar de ter residência em Nova Iorque, Estados Unidos da América, a modelo angolana agora é a Embaixadora do Turismo em Angola e com a sua agência deseja contribuir para o surgimento de novos talentos.
Maria Borges, que falava em entrevista exclusiva ao Jornal de Angola, afirmou que o racismo vem de pessoas que não estão bem informadas, que desejam baixar a auto-estima de outras.
“Somos todos humanos, de cores diferentes, e isso é que nos torna espaciais. Já me deparei com situações, principalmente por causa do cabelo, mas soube tirar o melhor proveito”, frisou a artista, acrescentando que encontrou um padrão na moda nacional e internacional que tinha de adaptar-se a ela.
Para Borges, que trabalhou para a mudança deste paradigma, a mudança efectiva da história aconteceu quando desfilou com o cabelo curto. “ Foi aí que desfilei pela primeira vez com o cabelo curto, pela Victoria’s Secret, e com isso mudei a história, porque muitas meninas e outras marcas abraçaram a ideia do cabelo natural”, reforçou a também CEO da The Star Management, sustentando que depois daquele momento iniciou “a onda do cabelo natural e hoje as meninas sentem-se bonitas de afro”.
A artista revelou ainda que a sua altura foi objecto de bullying na escola, numa altura em que frequentava o ensino médio em Angola e para superar a situação, revela a malanjina, teve de usar um mecanismo de defesa associada à Palanca Negra Gigante.
“Naquela altura, frequentava o curso de Ciências Físicas e Biológica e questionava-me sobre a razão de trocar lâmpada, se queria fazer medicina, sem desprimor para os electricistas. Muitos diziam ainda que parecia esparguete. Anos passaram-se e o bullying voltou de outra forma, devido à minha altura. Entretanto, olhei para a Palanca Negra Gigante, o nosso símbolo nacional, e disse que vou começar a usar a Palanca Negra como referência para a minha altura. Olhando para mim, sendo malanjina (de Malanje), alta, negra e gigante, há uma semelhança. Aí passei a dizer às pessoas que sou a Palanca Negra Gigante, na versão humana, e o bullying reduziu”, revelou.
Questionada sobre a sua recente nomeação como Embaixadora do Turismo em Angola, a internacional e empreendedora cultural disse que este facto representa uma oportunidade para ajudar o país no sector do turismo, que é uma área que precisa de ser explorada.
“Vamos também procurar transparecer a beleza nacional além-fronteira, aproveitando o momento para juntar o útil ao agradável e passar o que temos de infra-estruturas”, reforçou, sustentando que já tem em carteira visitas às províncias do interior do país para constactar o potencial turístico das mesmas, conhecermos os hábitos do povo e procurarmos ver o que está bom e o que deve ser melhorado.
Maria Borges nasceu em 28 de Outubro de 1992, na província de Luanda. Entrou no mundo da moda como concorrente, no Elite Model Look Angola 2010, e deu os seus primeiros passos na agência Step Model, onde foi, durante um ano, o rosto da empresa de cosméticos Pérola Negra.
Foi considerada uma das dez modelos mais novas a ter em conta pela models.com, vencendo, em 2011, o Supermodel of the World Angola.
Teve uma breve e bem-sucedida passagem pela Moda Lisboa e pelo Portugal Fashion e conquistou agências dos Estados Unidos, em 2012, com a confirmação de 17 desfiles na sua primeira participação na NY Fashion Week.
A artista assumiu também contrato com a Givenchy no decorrer da Paris Fashion Week.Desfiles para Givenchy, Jean Paul Gaultier, Kenzo, Paco Rabanne, Tom Ford, Oscar de la Renta, Monique Lhuillier, Zac Posen e MaxMara, campanhas para a Tommy Hilfiger e Forever 21, nos EUA, e um editorial na Vogue Itália comprovam o estatuto de “Top Model Internacional” de Borges.
Actualmente, Borges é mais conhecida modelo de Angola por participar nos desfiles da Victoria’s Secret, em 2013, 2014,2015 e em 2016, onde fez história por ser a primeira modelo negra a usar o cabelo natural, transformando-se na “única modelo angolana a desfilar por 3 vezes consecutivas no Victoria’s Secret Fashion Show.