PR recebe artistas e gera polémica de exclusão

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João Lourenço prometeu apoiar a construção de uma fábrica de discos e trabalhar para a valorização da carteira profissional dos fazedores de cultura e artes do país. Enquanto há artistas que questionam o que foi tratado, outros sentem-se excluídos

Fernando Guelengue

Nesta terça-feira, 2, dia do funeral do músico conceituado Zé Du Pau, o Presidente da República, João Gonçalves Lourenço concedeu audiência para alguns vários fazedores de artes do país. O encontro, segundo informações prestadas à imprensa pelos participantes, serviu para João Lourenço ouvir as questões que mais preocupam a classe artística.

Paulo Flores, artista que nunca tinha sido chamado por ser visto como “músico revú” ao consulado de José Eduardo dos Santos, pelas mensagens de intervenção social nas suas canções, considerou pertinente o diálogo por permitir expôr os problemas ligados ao trabalho dos artistas e aproveitou a ocasião para oferecer ao Presidente o seu mais recente trabalho discográfico, intitulado “Candongueiro Voador”.

A ministra da Cultura, Carolina Cerqueira, referiu que o encontro antevê bons dias para a Cultura do país, sobretudo, na visão do Estado. “O conforto institucional transmitido pelo Presidente João Lourenço é uma prova que o sector da Cultura poderá avançar para as indústrias culturais com projectos que fortaleçam essa actividade” frisou a governante que encabeçava a comitiva, acrescentando ter recebido garantias da disponibilização de verbas para o Carnaval 2018, a ser realizado em Fevereiro próximo.

Bonga, por exemplo, manifestou nas redes sociais a preocupção de ser melhor explicado os aspectos tratados na audiência que o Presidente teve com os fazedores das artes. “Quero saber o que se disse e se os colegas souberam nos representar a todos”, finalizou.

MÚSICOS SENTEM-SE EXCLUÍDOS

Por sua vez, o músico ancestral e instrumentista do grupo tradicional Kamba Dya Muenho, Lutuima Sebastião defende que os músicos tradicionais também estaríam representados porque são sempre postos de parte. “Nós também tinhamos que estar representados. É sempre assim, pois os fazedores de cultura do nosso género ficam sempre para trás. Pelo menos um representante porque nós também somos filhos dessa nação, sempre estivemos, estamos e estaremos prontos a apoiar o nosso Presidente”, referiu.

O jornalista angolano que se encontra em Portugal, Armindo Laureano manifestou a preocupação da exclusão do Rei da Música Angolana num dia que o mesmo completou 82 anos de idade, dos quais, a maioria dedicados ao engradencimento da cultura angolana. “Seria uma boa oportunidade para honrar e prestigiar o homem com uma presença na actividade de hoje [2 de Janeiro]. Jogando no sentido de oportunidade e estratégia, até podiam cantar os parabéns ao kota Elias Dya Kimuezo aproveitando a presença da imprensa”, frisou o mentor do portal de notícias Vivências Press, editado e actualizado no exterior.

Para responder as polémicas pelo facto de muitos artistas supostamente terem sidos excluídos, o instrumentista Nanutu, tido como um dos porta-vozes dos músicos ao lado de Paulo Flores, fez saber que os músicos foram chamados por iniciativa de João Lourenço e não sabiam quais os colegas estaríam presentes na audiência. “…Foi-me comunicado por telemóvel no dia 31 de Dezembro e reconfirmado no dia 1 de Janeiro. Falou-se de tudo e todos os fazedores de Cultura sem excepção. Aproveitamos a oportunidade e falamos em benefício de todos que fazem à arte”, explicou na rede social, acrescentado que “especular isto, aquilo ou escrever a dizer que este ou aquele não foi porque toca ou canta estilo x ou y, é querer seguir conversas que não estamos interessados.

O homem do saxofone que faz parte de um dos projectos a ser apresentado em Fevereiro, contou ainda que saíram com garantia de financiamento para todas as áreas da Cultura. “O financiamento terá fiscalização na forma como o Ministério da Cultura vai gastar”, esclareceu, sustentando que houve ainda garantia de empresários privados apoiarem para abertura de centros recreativos, criação e negociação com bancos para apoiar os artistas, isenção de impostos, direitos de autor, imagem, conexos que passam nas rádios e televiões para o benefício dos artistas, valorizando ainda a carteira profissional.

De referir que a Empresa Nacional do Disco e Publicações (Endipu), única fábrica de discos do país desde 1979, altura da sua criação, enfrenta problemas de reestruturação e modernização, o que impossibilita a procura, que diminuiria o custo de produção de CD e potenciaria o segmento nacional do disco e publicações.

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