Travis Scott e Drake podem indemnizar espectador até 1 milhão de dólares

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Drake e Travis Scott foram processados pelos espectadores do “Festival Astroworld”. Foto DR
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O rapper norte-americano Travis Scott está a enfrentar uma acção legal depois de pelo menos oito pessoas terem sido mortas e centenas ficado feridas num esmagamento no festival Astroworld, no Estado do Texas, EUA. O evento foi organizado por ele e contou com a presença do músico Drake como convidado.

De acordo com a imprensa internacional, um espectador ferido acusou Scott e o artista convidado Drake de incitarem a multidão a fazer um moche [acto de se atirar para cima de uma ou mais pessoas, geralmente em concertos ou festivais] que se revelou fatal. O processo que deu entrada no tribunal pede uma indemnização de um milhão de dólares.

Até ao momento nenhum dos artistas comentou o processo. Num comunicado após o esmagamento, Scott disse que estava a fazer todos os esforços possíveis para ajudar as famílias das vítimas, sendo que a mais jovem tinha apenas 14 anos. 
A firma de advogados Thomas J. Henry Law declarou ter vários processos em preparação.

Um dos clientes desta firma é Kristian Paredes, de 23 anos. O jovem de Austin (Texas) processou os rappers por ter ficado “gravemente ferido” e exigiu mais de 1 milhão de dólares. Paredes considera os músicos culpados pelo incidente por terem incitado a audiência à situação caótica que se originou e por não terem parado apesar do desenrolar dos acontecimentos — mesmo com ambulâncias no meio da arena a tentar socorrer as pessoas.

A queixa por negligência segue contra os rappers — cujos nomes reais são Jacques Bermon Webster (Travis Scott) e Aubrey Drake Graham (Drake) —, mas também contra a produtora de eventos Live Nation Entertainment Inc. e a empresa que gere o estádio onde decorreu o festival, Harris County Sports and Convention Corporation.

Um outro processo foi desencadeado por Manuel Souza, segundo a Fox News, citado  pelo Observador. Neste caso, o espectador acusou Travis Scott assim como os “proprietários, operadores, promotores, representantes de relações públicas, e/ou organizadores do concerto e/ou proprietários proprietários e operadores das instalações” de “desrespeito consciente pelo risco extremo de danos aos festivaleiros que tinham vindo a aumentar horas antes”.

No processo é citado um tweet do rapper, datado de 5 de Maio, onde o músico dava a entender que, mesmo com os bilhetes já totalmente esgotados naquela altura, seria possível “infiltrar os selvagens”. O processo acusa o músico de ter incitado os fãs a quebrar as barreiras de segurança.

Ainda de acordo com o Fox News, há existência de um terceiro processo, interposto por Noah Gutierrez, de 21 anos, e o advogado Ben Crump (que já representou as famílias das vítimas de violência policial George Floyd e Breonna Taylor).

O caos que poderia gerar-se durante o concerto da megaestrela local era esperado pelos organizadores e pelas autoridades locais e o plano de segurança estava previsto num documento de 56 páginas que se mostrou insuficiente. Horas antes do concerto de Travis Scott, o chefe da polícia de Houston, Troy Finner, que conhece o músico, alertou-o para “a energia da audiência”, disse uma fonte ao The New York Times.

POLÍCIA E TESTEMUNHAS

A Polícia e Departamento de Bombeiros de Houston estão agora a investigar o que aconteceu no concerto, que começou às 21 horas com a audiência a entrar no recinto completamente descontrolada e com o músico a manter a actuação, pelo menos, mais meia hora depois dos incidentes mais graves, como pessoas feridas. Mais de 60 ambulâncias foram chamadas ao local.


As autoridades locais dizem que detectaram que haveria um problema, mas não tinham como travar o concerto sem provocar uma revolta da audiência já descontrolada e defendem que teria de ser o músico e os organizadores a interromperem o espetáculo.

Algumas testemunhas, que assistiam ao concerto e foram levadas pela multidão, contam que pediram ajuda aos seguranças contratados pela produtora, mas que estes não os ajudaram, e que os profissionais de saúde que estavam no local não estavam preparados para lidar com uma situação deste tipo. Uma enfermeira entre os feridos contou que nem sequer estavam a fazer o suporte básico de vida corretamente.

Este não é o primeiro incidente em concertos de Travis Scott, mas os alegados delitos resultaram em condenações menores. Em 2015, deu-se como culpado por ter incentivado os fãs a saltar as barreiras de segurança junto ao palco em Lollapalooza (Chicago). Em 2017, voltou a incentivar os fãs a contornar a segurança num espetáculo no Arkansas — e, pelo menos, um participante caiu de uma varanda e ficou paraplégico. E, em 2019, uma debandada num concerto deixou, pelo menos três pessoas feridas.

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