“Foi o Yuri da Cunha quem levou-me ao Coliseu”, revela Matias Damásio

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Matias Damásio é músico e compositor angolano. Foto: DR
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Estas palavras foram proferidas nesta terça-feira, 15, durante a segunda edição da rubrica Terra a Terra, do programa online Pensar Angola com Dog Murras. Damásio afirmou ter cantado para 19 mil pessoas e venceu a categoria Lusofonia do prémio Play, em Portugal, em 2019.

Num cenário e linguagem característico da angolanidade, o autor de céleres canções sobre Angola disse que o começo da sua vida foi marcado com a venda ambulante de produtos diversos no antigo Roque Santeiro e do trabalho de escamar peixe na praia do Embarcadouro do Mussulo.

Matias Damásio explicou também que depois de ter lançado o seu trabalho discográfico e ganho vários prémios em Angola, recebeu o convite do músico e compositor Yuri da Cunha para uma actuação no Coliseu. “Nós víamos o Coliseu como um lugar impossível, mas o Yuri que tem aquele coração de levar toda a gente onde ele vai, acabou por levar o Anselmo e eu ao Coliseu, em Portugal”, disse, sustentando que foi a sua primeira vez no processo de internacionalização da sua carreira musical.

Questionado sobre o que está na base da fraca participação de artistas angolanos nos palcos internacionais onde Damásio, Anselmo e C4 Pedro se encontram bem posicionados, Matias Damásio fez saber que tem feito trabalhos de aproximação de músicos angolanos com as produtoras e produtores internacionais, resultando já em parcerias feitas em Angola.

Nós ainda somos muito individualistas e há poucos projectos comuns. Em blocos podemos fazer a Assembleia aprovar leis, podemos arranjar divisas para importar e exportar as nossas coisas

Segundo o compositor, o que faz o artista maior é a existência de uma classe forte de amor, de união e de parcerias. “Nós ainda somos muito individualistas e há poucos projectos comuns. Em blocos podemos fazer a Assembleia aprovar leis, podemos arranjar divisas para importar e exportar as nossas coisas”, salientou o autor de músicas que encantam centenas de angolanos, sustentando que temos artistas individuais fortes, mas a classe artística é pobre e fraca.

“Aceito a crítica de que ainda podemos fazer mais. A união faz a força e devemos fazer ainda mais.”, frisou, acrescentando que o país precisa de ter referências para desenvolver melhor.

Por sua vez, Dog Murras lamentou a forma como as pessoas estão a levar a vida, nos grupos das redes sociais e a maneira como os chineses tratam os angolanos. “Devemos repensar bem a frase ‘angolano, cabeça, água-água’. É uma frase muito profunda que não devemos rir e sim reflectir seriamente”, contou.

O que muitos não imaginam, segundo revelação do compositor é que a falta de suportes financeiros levou a vender a viatura no dia seguinte. “Eu não tinha condições para ter uma viatura naquela altura e tive de vender no dia seguinte, na portaria da TPA”, revelou.

Matias Damásio reconheceu que o país esteve numa situação óptima para acumular reservas financeiras devido o preço de petróleo no mercado internacional.

Dog Murras e Matias Damásio durante o programa online. Foto: DR

“O que analisei é que as dificuldades estão a fazer as pessoas sofrerem, mas também estão a criar várias oportunidades para muitos. A mentalidade dos empresários está a melhorar no meio da crise”, disse, comparando a situação actual como a quimioterapia que Angola está a enfrentar.

Os problemas de angola não têm fim. Por isso, precisamos de continuar a pensar Angola

Segundo Dog Murras, é necessário fazer a sua parte para depois cobrar ao governo a criação de condições para empoderar os artistas que gravam as músicas e nunca tiram proveitos do uso dos direitos autorais. “Os problemas de angola não têm fim. Por isso, precisamos de continuar a pensar Angola”, finalizou, sustentando que cada um faz o que sabe para desenvolver o País.

Entre as preocupações apresentadas nesta entrevista-diálogo, contam a necessidade de se discutir os direitos dos artistas, a mudança de mentalidade da população e da classe, a pressão ao governo, a criação de uma associação para tratar das questões dos artistas, a eliminação do individualismo e outros.

Matias Damásio tem no Guito e o Timóteo, que ganhavam a vida a tocar para serem pagos, como dois jovens que o influenciaram a aprender a tocar viola. “Achei que era mais uma das formas de subsistência até aparecer esses concursos que acabou por vencer”, explicou Damásio, sustentando que entrou ao concurso Gala à Sexta-Feira como suplente e, tendo um dos participantes impedidos, assumiu o lugar de titular ao ponto de vencer todos os demais concorrentes.

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