Turismo rompe a Covid 19 em Lisboa

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Os portugueses não prestaram tanta atenção à pandemia. Foto: DR
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O tempo é traiçoeiro porque há sempre uma entrada no céu do astro que comanda a vida, mas, embasbaca-se quem esfregar as mãos frias de contente, pois sempre é sol de pouca dura.

Melhor mesmo é não se desfazer da quentura dos aconchegantes agasalhos. No último Sábado, 19, a cidade de Lisboa despertou com céu limpo e uma temperatura abaixo dos 15 graus. Entretanto, negativa, de acordo com o trabalho do jornalista Agostinho Chitata, do Jornal de Angola.

Algumas das soluções para pôr o corpo a fervilhar acima deste percentual e contrapor as baixas temperaturas, é efectuar “jogging” de manhã cedo e sorver o pouco de viração quente de uma “falsa” aragem circundante durante uma caminhada matinal. Há quem mesmo prefira fazer estas corridas “caminhando”, outros optam pela ciclovia, estruturada e sinalizada, como acontece na Almirante Reis. O “vai-e-vem” dos pedais, mostra uma rede ciclável bem financiada e prioritária.

Fala-se, segundo a reportagem, em cerca de 30 milhões de euros alocados pelo Poder Camarário às ciclovias. Investimento excessivo ou não, a verdade é esta: o espaço verde que roubou do asfalto e partilha a via com os carros existe. Provavelmente, envolto no sentimento de se ter uma Lisboa e outras cidades pouco poluídas.

O pensamento vai também no sentido de a capital portuguesa ter de se adaptar às novas realidades em termos de mobilidade suave. Com certeza, uma visão que faz bem aos ouvidos ambientalistas.

Pelo que se pode observar, Lisboa parece ter um movimento excessivo de automóveis. Existe uma difusa rede de transportes: táxis, metro, eléctricos, comboios e ferry boats, mas tudo indica existir uma grande dor de cabeça para o utente de viatura estacionar. Aliás, o pouco que tem é, imediatamente, taxado a quem deixar lá a viatura.

Por exemplo, segundo o tarifário aplicado, com a justificação de “promover maior rotatividade e beneficiar os residentes”, Lisboa tem cinco tarifas de estacionamento, com cores e valores diferenciados e adequados às necessidades específicas de cada zona. Aquelas consideradas zonas de menor pressão, aplica-se tarifa verde, com duração máxima até 4 horas de estacionamento, ideal para fazer o restante percurso de transportes públicos no centro da cidade.

Agora, as chamadas tarifas amarela e vermelha são para as zonas da cidade com maior congestionamento e sujeitas a maior procura de lugares. As castanhas e pretas são aplicadas onde há maior desequilíbrio entre a procura e oferta de estacionamento. Nestas, os limites de permanência são muito mais reduzidos.

Abertura ao turismo

É de um exercício agreste descrever Lisboa nesta altura. A sensação que se possa ter é que o turismo já tinha feito um plano de vida, do tipo, “aliviam-se as restrições à Covid-19 e nós aparecemos em grande estilo”. É o que se está a passar. Num claro movimento desinibidor. A proibição que pesa sobre… esqueçam. Não existe mais. Aliás, o Conselho de Ministros decidiu por um conjunto de alterações de medidas restritivas para controlar a pandemia.

“Estamos perante mais um passo para o regresso a uma vida normal”, afirmação da ministra de Estado e Presidência, Mariana Vieira Silva. A verdade é que, por tudo que já se vive, pela procissão de turistas ao “Bairro Alto”, acompanhados pelo som intenso de um rock para gente grande, aquela que adentrou num clima de agressividade do estilo, pode-se considerar que agora é a vez deles, quer dizer, dos foliões. De ginja energética. Os restaurantes estão abertos por Lisboa e perfilados no Rossio e imediações. Come-se o suficiente com 10 euros, não incluindo as bebidas, a critério de quem as toma (em quantidades industriais ou nem por isso).

A procura já é gigantesca. Tem havido mesas preenchidas. Os proprietários deste nicho de negócio mostram ainda um aspecto nostálgico, por tudo que não venderam, pelos desempregos forçados, mas já “cantam vitórias” à nova realidade. Voltaram as placas de reservas sobre as mesas e na Recepção das unidades hoteleiras já se voltou a consultar o computador para ver se ainda tem quartos vagos.

No aeroporto, para quem sai de Angola, disse o funcionário, para eles é indiferente se apresentamos o teste negativo ou o certificado. Tudo a mudar por “estas bandas”. Os ATM “dão” o dinheiro aos estrangeiros, entretanto, retiram-nos aí 4 euros. Encostou-se um jovem e aconselhou: “É melhor que tire num ‘multibanco’ porque não há taxa adicional”.Foi realmente “dinheiro sem ruído”.

Praça Martim Moniz

Do Rossio chega-se à Praça do Martim Moniz. Reza a história, o espaço homenageia o fidalgo que em 1147 ajudou D. Afonso Henriques a conquistar o castelo ao atravessar-se na porta para que os companheiros conseguissem passar. A Praça possui várias fontes e símbolos castelejos, com torres e elmos estilizados e acolhe no seu interior um pavilhão informativo sobre Lisboa e pontos de venda de artesanato e cafetarias.

Mesmo ao lado, ficam a Capela da Nossa Senhora da Saúde e os Centros Comerciais Martim Moniz e Mouraria. Neste último, lê-se, os preços dos artigos são muito baixos e a mistura de portugueses, africanos, chineses e indianos dá movimento, graça e colorido ao local. No ano de 2012, passou a contar com pequenos quiosques de restauração, de comida de vários países e com animação musical a condizer.

É verdade. Fomos lá constatar. Mas foi no Cais do Sodré onde encontrámos uma angolana (só quis se apresentar por Joana), diz estar em Portugal há 3 anos. Fazia, na ocasião, cocktails de pina colada, a base de rum, leite e abacaxi que vai tudo para o liquidificador e servido na casca da fruta feita “copo”. A bebida refrescante sai a 10 euros. A concorrência era grande. Pelos vistos, não facturam menos de 500 euros por dia. Ela ficou contente ao saber que éramos “da banda”., até ofereceu mais uma bebida. “Se o meu patrão vir, estou despedida”, ironizou.

Ironia é o que não existe por cá em meio à pandemia. É tudo p’ra frente, porque atrás vem gente, destemida, valente, digamos assim, a explorar cada detalhe vantajoso das medidas. Nas estações de metro e avenidas, há locais de testagem gratuita. Vamos entrar agora, depois exibiremos o resultado. Ontem, o restaurante rebentou pelas costuras e nós precisávamos de jantar, enquanto assistíamos ao Benfica a consentir mais um empate, quando ganhava por dois zero. À imagem, veio o nosso Luciano Rocha.

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