Territórios negros: uma experiência de Educação para as Relações Étnico-Raciais

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Imagem que ilustra o momento de explanação dos especialistas. Foto: Carlos de Carvalho Cavalheiro
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A educação patrimonial é uma maneira de valorizar a História e a memória dos grupos que foram invisibilizados por um processo cruel de exclusão alicerçado no preconceito e na discriminação. Por esse motivo, o conhecimento do passado dos grupos subalternizados permite a ocorrência do processo de reeducação voltada para uma sociedade inclusiva, humana e justa.

Dentre os diversos grupos que tiveram negado o seu direito à História e à Memória, está aquele formado pelos afrodescendentes que viveram e vivem no Brasil.

Partindo do princípio de que toda cidade tem história, o projecto Territórios Negros – Itinerários de Resistência, promovido pelo sector de Turismo Social do SESC Sorocaba, pretende construir uma narrativa sobre as histórias de resistência através da cultura popular pelo interior de São Paulo.

Destro dessa perspectiva, no último Sábado, dia 17 de Setembro, o SESC realizou esse projecto que incluiu visita monitorada à Capela de João de Camargo, o Clube 28 de Setembro e um passeio por lugares de memória negra na área central de Sorocaba.

Imagem que ilustra o momento de explanação dos especialistas. Foto: Carlos de Carvalho Cavalheiro

Testemunhado pelo historiador brasileiro Carlos Carvalho Cavalheiro, do pesquisador Ademir Barros dos Santos e da turismóloga Solange Barbosa, um grupo de pessoas previamente inscritas participou dessa vivência que muito colabora para a Educação das Relações Étnico-Raciais. 

De acordo com informações que tivemos acesso, o objectivo do projecto Territórios Negros – Itinerários de Resistência foi o de construir uma narrativa sobre as histórias de resistência através da cultura popular pelo interior de São Paulo e, de forma simples, envolver o público com o espaço e provocar uma reflexão do contexto com os factos históricos do Brasil. “Sempre a trabalhar a importância dos princípios éticos e respeito ao próximo, com a reflexão e a perspectiva de vida de cada um, reforçando a importância da transmissão do saber e o respeito às tradições”, refere o documento.

Durante a parte da manhã, os participantes puderam conhecer um pouco mais sobre a emblemática figura de João de Camargo.

O pesquisador Ademir Barros dos Santos discorreu sobre traços biográficos do taumaturgo da Água Vermelha, enquanto o historiador Carlos Carvalho Cavalheiro evidenciou o sujeito histórico que permeia a memória do homem “santo e místico”.

Cavalheiro informou também sobre a construção de um território negro no entorno da Igreja construída por João de Camargo, além de sua actuação na construção de escola e constituição de banda musical, as quais deram dignidade e garantiram trabalho para a população negra e pobre de Sorocaba, excluída das benesses da “Manchester Paulista” (ideário da cidade burguês e industrial).

Por sua vez, Solange Barbosa, relacionou as estratégias desenvolvidas por João de Camargo com traços culturais africanos, sobretudo de povos de língua bantu.

Logo depois, o grupo se dirigiu até o Clube 28 de Setembro, oportunidade em que Ademir Barros dos Santos e Márcio Brown discorreram sobre a história daquela associação de negros sorocabanos surgida no ano de 1945.

Após um almoço temático, o grupo percorreu alguns lugares de memória negra de Sorocaba, elaborado pelo historiador Carlos Cavalheiro.

O passeio Territórios Negros – Itinerários de Resistência carrega em si o potencial de se tornar uma referência na educação para as relações étnico-raciais, promovendo a valorização e o conhecimento sobre a memória, a História, a cultura e os saberes dos povos afro-brasileiros.

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