Mahsa Amini: a muçulmana morta por mau uso do véu no Irão

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Mahsa Amini foi acusada de não usar correctamente o hijab (véu islâmico). Foto: DR
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Uma onda de protestos foi desencadeada em homenagem a morte de Mahsa Amini, uma iraniana curda de 22 anos que terá perdido a vida após dois dias de coma causado por espancamento da “Polícia da moralidade”, na cidade de Teerã, capital do Irão.

Para desencorajar os protestos, as autoridades detiveram mais de 1.200 pessoas e registou-se a morte de 76 civis e policiais nesta que já é considerada “a maior manifestação do país depois de 2016”.

De acordo com informações de agências internacionais, os protestos foram convocados maioritariamente por mulheres iranianas  que expressam o seu repúdio através do corte de cabelo, a retirada e queimada dos seus “véus”, dança na fogueira com o canto colectivo “zan, zendegi, azadi” que em português significa “mulher, vida, liberdade”.

A detenção da jovem foi feita pela “Patrulha de Orientação” e ocorreu no dia 13 de Setembro, altura em que viajava com o seu irmão “Kiaresh Amini” para a cidade de Teerã, tendo sido transferida para a agência de “Segurança Moral”. O seu irmão foi informado que ela seria levada ao centro de detenção para uma “aula de esclarecimento” e viria a ser libertada uma hora depois.

“Em vez disso, ela foi levada de ambulância para o Hospital Kasra em Teerã. Onde ficou dois dias em coma, até conhecer a morte. Na unidade de terapia intensiva em 16 de Setembro”, citou a BBC News.

A clínica onde Amini recebia os cuidados divulgou um comunicado no Instagram informando que a paciente que estava com fraturas cerebral quando foi internada. E vários médicos afirmam que Amini sofreu uma lesão cerebral, com base nos sintomas clínicos, incluindo sangramento nas orelhas e hematomas sobre os olhos.

O HIJAB NO ALCORÃO

De acordo com o Alcorão (Surata 33 versículo 59), a misericórdia e o perdão de Allah são as ferramentas que o profeta terá usado para aconselhar as mulheres dos crentes e não recomenda qualquer castigo em caso do não uso. “Ó Profeta! Diz as tuas mulheres e as tuas filhas, e às mulheres dos crentes que se encubram em suas roupagens. Isso é mais adequado, para que sejam reconhecidas e não sejam molestadas. E Allah é Perdoador, Misericordiador”, lê-se no livro sagrado da comunidade islâmica.

A Human Rights Watch chamou a morte de Amini de “cruel” e escreveu: “As autoridades iranianas devem cancelar a lei obrigatória do hijab e remover ou alterar outras leis que privam as mulheres da sua independência e direitos”.

Centro para os Direitos Humanos no Irã: Mahsa Amini considerada outra vítima da guerra da República Islâmica contra as mulheres e pediu que a violência contra as mulheres no Irã, seja fortemente condenada em todo o mundo para evitar tais tragédias.

Javaid Rehman, Relator Especial das Nações Unidas, também lamentou o comportamento da República Islâmica do Irã e acrescentou: “Este incidente é um sinal de violação generalizada dos direitos humanos no Irã”.

Mahsa Amini foi acusada de não usar correctamente o hijab (véu islâmico) e de violar o código de vestuário conservador do país, acabando de morrer três dias depois da custódia policial.

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