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O Académico angolano Oliveira Adão Miguel, de 35 anos de idade, defendeu a tese de doutoramento no dia 29 de Novembro, na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Brasil. O estudo teve como objecto de estudo o movimento dos 15+2 (duas) e a sua actuação no processo de democratização angolana (2011-2022), amparados na memória social, colectiva e política.
Com a tese intitulada “As Memórias dos 15+2 (duas) e o Processo de Democratização Angolana (2011-2022)”, o autor procurou “recuperar a memória da história do processo de luta pela democratização protagonizada por jovens activistas por meio de protestos não violentos contra o governo do MPLA, liderado pelos presidentes José Eduardo dos Santos (1975-2017) e João Manuel Gonçalves Lourenço (2017-), caracterizados pelo autoritarismo, neopatrimonialismo, clientelismo e violação propositada e sistemática dos direitos humanos”.
De acordo com a informação prestadas pelo académico, a centralidade do debate recai sobre os activistas do Movimento dos 15+2 (duas), enaltecendo o Movimento Revolucionário “Revú”, nascidos entre 1980 e 2000, na sua maioria moradores de bairros periféricos e pobres de Luanda, com formação média ou universitária, forjados no movimento cultural hip-hop e influenciados pela imprensa.
“Essa é sobretudo a imprensa privada, sem vínculo político-partidário, embora alguns tivessem familiares vinculados aos partidos políticos tradicionais, como o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA)”, refere a nota de imprensa, acrescentando que os integrantes dos 15+2 foram notabilizados pelo uso das redes sociais, com realce para o Facebook e o Youtube, desenvolvendo o ciberactivismo ou activismo digital e com origens diversas em Angola, mas tendo como ponto de encontro a capital do país, Luanda.
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O especialista em História de África lembrou que no dia 7 de Março de 2011, os activistas realizaram, por meio do Movimento Revolucionário do Povo Lutador de Angola (MRPLA), a primeira manifestação antigovernamental na praça da Independência, em Luanda, facto que se repetiu nos anos posteriores.
“No dia 20 de Junho de 2015, os jovens activistas que se encontravam debatendo sobre técnicas de lutas não violentas foram surpreendidos pela presença dos órgãos de Defesa e Segurança do Estado, o que desencadeou, de forma injusta e ilegal, suas detenções”, lê-se na nota enviada ao Marimba Selutu, sustentando ser o cenário que deu origem ao mediático processo dos 15+2 (duas), acusados pelo Ministério Público de tentativa de golpe de estado contra o consulado do presidente José Eduardo dos Santos.
ABORDAGEM DO ESTUDO
De acordo com a nota de imprensa, o estudo teve uma abordagem baseada no movimento dos 15+2 (duas) e a sua actuação no processo de democratização angolana (2011-2022), amparados na memória social, colectiva e política.
“Quais são as memórias registradas pelos jovens activistas dos 15+2 (duas), bem como pelas fontes jornalísticas públicas ou privadas acerca da luta cívica e política empreendida por esse movimento pró-democratização de Angola entre os anos de 2011 e 2022?” é a pergunta norteadora de pesquisa.
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O autor referiu que procurou recuperar a natureza do movimento dos 15+2 (duas) mediante a realização de entrevistas com os seus participantes, visando compreender como analisam, revisitam e recompõem a memória do processo contra o estado autoritário.
“Acompanhamos a trajetória dos jovens activistas tendo como mote a sua origem sociogeográfica, familiar, acadêmica e o impacto na formação da consciência cívica e política”, sustentou o autor, acrescentando que foi possível recuperar os marcos culturais derivados do Movimento Hip-Hop, das escolas, universidades, literaturas académico-políticas e dos debates da imprensa.
O estudo situou a organização do movimento e as suas estratégias de comunicação por meio do activismo digital (ciberactivismo) introduzido pelas redes sociais, como o Facebook e Youtube.
Foi possível ainda a reconstrução do cenário histórico-memorialístico que ofereceu as condições objectivas e subjectivas para a construção do movimento pacifista até a detenção dos activistas dos 15+2 (duas).
A tese apresentou igualmente o percurso histórico dos principais eventos que marcaram o processo de detenção, condenação, prisão até a libertação por meio da lei de amnistia, identificando as notícias nos jornais públicos e privados acerca do movimento e a sua repercussão principalmente durante a detenção e prisão dos jovens activistas.
O estudo fecha com um trabalho de recuperação do percurso dos integrantes desse movimento durante e após esse embate político, sobretudo em relação ao contributo prestado a lutas activistas evidenciadas durante a transição e mandato do presidente João Manuel Gonçalves Lourenço entre os anos de 2017 e 2022.
PERFIL DO AUTOR
Nascido no município do Cazenga, em Luanda, Oliveira Adão Miguel, de 35 anos de idade, é filho de José Oliveira e de Mariana Miguel, a residir actualmente no município de Vitória da Conquista, Bahia, Brasil.
É graduado no Ensino da História e Mestre em Ensino da História da África pelo Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla (ISCED-HUÍLA)-Angola, trabalhou como professor efectivo do Ministério da Educação de Angola de 2010 a 2023, foi Subdirector Pedagógico do Colégio Privado “A Verdade Vos Libertará”, no município da Matala, Huíla e Diretor Geral do Colégio Público n˚915 (actual Complexo Escolar Público Samuel Marcolino) e do Colégio 04 de Abril no município da Matala de 2018 a 2023.
Actualmente é professor efectivo do Instituto Superior de Ciências da Educação – Huíla, actuando na secção de História e professor colaborador do Instituto Superior Politécnico Independente de Angola (ISPI).
Desde o dia 29 de Novembro de 2024 passou a ser doutor em Memória: Linguagem e Sociedade pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-UESB(Brasil.