Rei do Tchingolo falece após 40 anos no trono

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O rei da Ombala do Tchingolo, na comuna da Catata, município do Caála, António Moreira, faleceu na última segunda-feira, pelas 5h00 da madrugada, aos 81 anos, por prolongada doença, depois de ficar internado no Hospital Municipal da Caála.

De acordo com a imprensa pública, António Moreira, que nasceu na comuna da Catata, no dia 20 de Agosto de 1942, liderou o trono da Ombala do Tchingolo desde 3 de Abril de 1983, perfazendo 40 anos no poder.

Segundo o presidente da Associação Nacional da Soberania Tradicional de Angola (ANSTA), da Caála, soba Ventura Miapia, o falecido rei contribuiu com a sua sabedoria no desenvolvimento sócio-económico da Caála, lutou para a unificação e o desenvolvimento do município, assim como para a existência do equilíbrio entre a igreja e o poder tradicional.

O também porta-voz da ombala do Tchingolo referiu que as autoridades tradicionais da corte trabalham juntos com a Administração Municipal da Caála para a organização das exéquias, uma vez que o funeral está marcado para esta quinta-feira, 16.

As cerimónias de homenagem em sua memória decorrem no Clube Recreativo do Tchingolo, na comuna da Catata, e na pedra (Sendje Lya-Mbula), na ombala Tchingolo.

Dos cinco reinos existentes no Huambo, a Ombala do Tchingolo é a única fundada por uma mulher que respondia pelo nome de Tchingolo proveniente da ombala de Mbombo, áreas da Caconda, território da Huíla por voltas do ano de 1660.

De acordo com as orientações das autoridades locais, o território da ombala Tchingolo estende-se até ao município da Caconda na Huíla, faz limite com a ombala da Tchiyaka, concretamente nas áreas do Longonjo, veio até ao limite da Caála, com o município da Ekunha e com a ombala do Sambo. É um vasto território que impõe o seu poder tradicional.

A ombala do Tchingolo foi um grande símbolo de luta contra a ocupação colonial, tendo sido a primeira a ser arrasada pela ofensiva da coluna militar do Sul, comandada pelo capitão Teixeira Moutinho, que se concentrou na Caconda, para se juntar às colunas do Norte com a do Libolo para a ocupação do Huambo, onde se encontravam os outros reinos que eram ameaça para os portugueses.

Pela ombala de Tchingolo, passaram cerca de 30 reis dos quais destacam-se a fundadora Tchingolo em 1660, rei Empomba em 1680, Handanga em1710, Kampu em 1720, Huvi em 1740, Handa em 1770, Haluletenda em 1780, Ekundi em 1800, Hulundu em 1820,  Kalukango em 1840, Kalueyo I em 1860, Tchimina em 1860, Kalueyo II em 1870, Tchimbalandongo em 1890, Mandi em 1900, Muatchiyava em 1908 e Kalembela Ngendende em 1918.

António Moreira recebeu o trono das mãos de Tchipikila Samalenle, que reinou desde o ano de 1979 até 1983, natural de Caconda, era homem de muita magia e sempre que a ombala fosse alvo de ataque do inimigo, os atacantes encontravam barreiras de leões ou ainda uma lagoa grande à volta da ombala. Conta-se que António Moreira, mesmo durante o tempo do conflito armado, nunca abandonou a sua ombala e jamais se rendeu- ao inimigo.

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