Um grupo informal de artistas, académicos, jornalista e ex-governantes de várias partes do mundo, incluindo Angola, denunciou nesta segunda-feira, 22, uma crescente onda de racismo em várias partes do mundo.
De acordo com o Manifesto Contra o Aumento Global do Racismo, enviada à redacção do Marimba Selutu, o crescimento do racismo tomou de novo proporções de ameaça clara e imediata em todos os continentes e todos os grandes “grupos raciais”.
O documento esclarece que as acções racistas estão ligadas a ideologias populistas e surgem sob disfarces. “Os racistas sabem que racismo não é opinião, é crime contra a humanidade, seja qual for a cor dos agressores e dos agredidos”, lê-se na nota, sustentando que entre os disfarces principais constam o identitarismo ou fundamentalismo religioso que tem sido organizada, maioritariamente, por grupos financiados pelo “grande capital ou por capital delinquente”.
A afirmação da “pureza racial”, olhar a raça como critério fundamental no reconhecimento de direitos de cidadania e nos privilégios causadores de desigualdade social, bem como a prática de intimidação que surgem em formas de terrorismo para impor silêncio aos críticos, são as práticas o grupo de intelectuais que faz parte dos vários momentos históricos nas lutas de libertação e/ou democratização dos seus países, considera “inaceitável e inegociável”.
“O racismo disfarçado em larga escala não é uma novidade, pois assim tem sido praticado nos nossos países desde sempre. O discurso do ódio contra pessoas em virtude de seus traços biológicos exteriores ou definições de cultura sob bases raciais, também são antigos e tiveram os pontos altos no nazismo”, cita a nota, acrescentando que combatem a utilização da raça para definir a Cidadania, criar antagonismos e perseguições.
VÍTIMAS DE RACISMO
Segundo o economista angolano Jonuel Gonçalves, a motivação desta iniciativa mundial foi a constatação do crescimento do racismo em todos os grupos raciais do mundo. “Em todos os grupos raciais há vítimas de recismo e racistas e, infelizmente, esse número tem vindo a aumentar nos dois casos. Há também grupos políticos a crescer com base em propaganda racistas disfarçadas”, defendeu o também escritor e um dos subscritores da iniciativa, sustentando que estes grupos falam de identidade.

O académico esclareceu ainda que a palavra “não-racial” é uma expressão antiga que vem desde o tempo da luta contra o colonialismo e apartheíd e entendemos ser a melhor. “As pessoas não se definem pelos grupos raciais e nem étnicos. As pessoas se definem como indivíduos/cidadãos”, esclareceu.
Questionado sobre os possíveis passos após a divulgação do manifesto, Gonçalves disse que já houve tomada de posições noutras linguas e precisam assumir para os falantes do português.