Ndaka Yo Wiñi revela verdadeira causa da sua saída de Angola

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Músico revela ao NJ razões que o levaram a abandonar os palcos nacionais. No Canadá, autor de «Olukwembo» eleva a bandeira de Angola em festivais.

O músico e compositor angolano Ndaka Yo Wiñi, residente na cidade de Montreal, Canadá, revelou, em entrevista ao Novo Jornal, que a busca de uma carreira internacional e a forte pressão psicológica que se vive no País, causada pelo “regime angolano”, são as razões que o levaram a emigrar para a América do Norte.

“Deixei Angola porque sempre foi um plano pessoal internacionalizar o meu
trabalho. Mas, também, existem questões não-saudáveis, questões políticas, por exemplo”, afirmou.

Na visão do artista, que tem feito digressões pelo Norte da América, “cada angolano tem uma percentagem elevada de problemas psicológicos, por conta da pressão política”.

“Por esses motivos, também resolvi partir para um lado, onde não se pode fazer apenas a música, mas também pode salvar-se o lado psicológico, o bem-estar e, acima de tudo, aprender a ser honesto, a ter mais valores, coisas que, no nosso País, ainda temos muita dificuldade de ver”, sublinhou o autor de ‘Olukwembo’.

Ndaka Yo Wiñi revelou, igualmente, que no Canadá está a desenvolver projectos socioculturais, com destaque para a produção do seu segundo álbum, através de uma parceria com uma produtora canadiana, denominada ‘Pageot Produtions’.

“Nesta parceria, eu empresto a minha língua, o umbundu, e eles emprestam-me a instrumentalização. A ideia é reforçar a introdução de Ndaka Yo Wiñi no Norte da América”, frisou, destacando que precisa de apoio para o novo álbum.

“A minha luta é sempre preservar a minha identidade, e isso é caro”.

Na América do Norte, o músico angolano desenvolve, igualmente, o seu projecto de investigação cultural que levou a cabo em Angola durante oito anos, ministra aulas de voz e ritmo ancestral e assinou, recentemente, contrato com a P&T Management, uma instituição de gestão cultural de Canadá, onde desempenha o papel de consultor cultural.

“A música [angolana] não está boa em todos os aspectos”

Em relação ao mercado musical angolano, Ndaka diz que “estamos mal” e que são precisas apostas sérias nas artes, bem como uma revisão constitucional que
atente à carreira dos artistas.
“Musicalmente, não estamos bem. É um factor de realidade geracional, tem a ver com a forma como o nosso futuro foi preparado. A música não está boa em todos os aspectos. Hoje temos facilidade de copiar e não de criar, pensar e idealizar. Existe uma ausência de originalidade”, criticou.

Ndaka Yo Wiñi, pseudónimo de Adriano Dokas, nasceu a 05 de Janeiro de 1981, no município do Lobito, província de Benguela. Filho de dois músicos tradicionais, o cantor provém de uma família de vasta ramificação, espalhada pelo Huambo, Uíge, Cabinda, Congo Democrático e Guiné-Bissau.

Dono de uma voz inconfundível, o artista, que também se dedica à investigação cultural, iniciou a carreira musical em 2011. De lá pra cá, participou em vá-
rias actividades, com realce para actuações na Expo-Milão, em Itália, no “Marco’s African Restaurant”, em Cape Town (África do Sul), “Encontro com a África” (Brasil), entre outros pontos do mundo, como Portugal, Estados Unidos da América e agora Canadá.

Em 2021, foi o artista escolhido para encerrar a terceira edição do Festival Afro Urbain Fest, que decorreu em Abril, no Centro de Artes da Casa do Haiti, na cidade de Montreal (Canadá). O evento juntou diferentes manifestações com influências da cultura africana e teve, no elenco musical, nomes como da cantora guadalupe Malika Tirolien e do canadiano Waahl.

Ndaka Yo Wiñi foi distinguido com o prémio de Melhor Afrojazz do Top Rádio
Luanda, em 2016. Autor de várias canções cantadas em línguas angolanas, estreou-se no mercado discográfico com o álbum ‘Olukwembo’, gravado e lançado em Agosto de 2018.

“A primeira obra do artista resulta de um projecto denominado ‘Lundongo no
Lwando – Ritmo Ancestral do Berço’, que condensa as nuances estéticas da etnia e da modernidade, sem prejuízo de nenhuma, tendo sido amplamente elogiado pela crítica.”

Fonte: Novo Jornal

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