A escritora angola Zulimi Bumba teceu estas palavras, na última sexta-feira, 19, durante a quarta e última edição da mesa redonda organizada pela Pro Bono Angola, cujo tema foi: “O Impacto da Pandemia sobre as Organizações da Sociedade Civil, Desafios e Oportunidades”.
O evento contou ainda com as participações de outros membros da sociedade civil como António Ventura (jurista), Bartolomeu Milton (Pro Bono Angola), Carlos Cambuta (Director da ADRA), Serra Bango (JPD), Jorge Fernando (Director de Projecto da JRS), Verónica Sapalo (Directora da PMA), Celestino Epalanga (Comissão de Justiça e Paz), Júlio Candeeiro (Mosaiko) e João Malavindele (Omunga).
Falando em exclusivo ao Marimba Selutu, em Luanda, Zulimi Bumba defendeu a necessidade do Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente organizar um Simpósio Nacional da Cultura Angola. “[Deve-se realizar o Simpósio] por causa dos inúmeros problemas que a classe [artística] atravessa. O artista praticamente vive da mendicidade, sobretudo os escritores. Mas, de forma geral, em todas as vertentes vive-se da mendicidade. Um ou outro [artista] é que se vai safando.”, justificou, afirmando que era muito difícil um escritor lançar uma obra literária em Angola, por causa de falta de patrocínio financeiro.
A também membro da sociedade civil criticou ainda aquelas pessoas que têm dito que os jovens não gostavam de ler. “Estou há 4 anos sem lançar nenhum livro pelo Ministério da Cultura, [Turismo e Ambiente]. Isto é muito [tempo]. Depois, se vai reclamando que os jovens e crianças não lêem. Como é que vai haver livro, se não há nenhum incentivo? Será falta de dinheiro?”, questionou, respondendo que “É um pouco de falta de sensibilidade [do Ministério da Cultura]. Vamos ser justo, não há outro termo!”
Questionada sobre quais temas gostaria de ver debatido, caso se realizasse este Simpósio Nacional da Cultura, a autora da obra “Felícia – A Menina que Sonhava Ser Polícia”, que será lançada brevemente, apontou a questão social da classe artística.
“Os temas que gostaria, sinceramente, são os que estão ligados intricamante à vida social dos artistas, que pouco ou nada se faz. Devia haver um fundo específico só para apoiar os artistas que estão a passar muitas dificuldades. Há uma grande artista, a artesã Marcela Costa, que anda adoentada. Ela foi uma incentivadora e promotora de grandes artistas que estavam no anonimato. Onde está ela? Está abandonada!”, alertou a escritora, realçando que Marcela Costa foi a primeira mulher a ganhar o “Prémio Nacional de Cultura e Arte”.
“O artista praticamente vive da mendicidade”, escritora Zulimi Bumba
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