Criada plataforma que auxilia DJs a criar e reproduzir músicas

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Criada plataforma que auxilia DJs a criar e reproduzir músicas
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Além de deixar o equipamento mais acessível, a solução chama atenção pela versatilidade e é compatível até com os telemóveis. Os jovens universitários brasileiros pretendem inovar o instrumento, por isso contam com ajuda de instituições americanas.

Frequentadores de festas eletrónicas, Rodrigo Guskuma e Cristiano Lacerda, já arriscaram carreira na área por meio da actividade de Dj’s. As investidas na música, porém, ganharam outro caminho, agora, o tecnológico. Eles uniram as habilidades em engenharia e desenvolveram uma plataforma para a produção do som que admiram. O controlador de Instrumento Musical de Interface Digital (MIDI) chama a atenção por ter componentes encontrados no Brasil e software de fácil acesso. A ideia está na etapa de protótipo, mas a dupla foi convidada a participar de um projecto de incentivo de empresas nos Estados Unidos para dar continuidade ao projecto.

Rodrigo Guskuma, engenheiro eletricista, apresentou a primeira versão da plataforma na conclusão do curso na Universidade de São Paulo (USP). Segundo Guskuma, os MIDIs existentes no Brasil têm boa parte da estrutura importada, o que acaba encarecendo o produto. “Nós não precisamos disso [MIDIs]: temos todos os componentes necessários para montar a plataforma aqui. A ideia é promover a musicalização do instrumento brasileiro. Nos produtos musicais daqui, quase tudo é em inglês, vem de fora”, explica, elucidando que o controlador é composto por 12 botões, cada um referente a uma nota musical. As teclas que se encontram junto com o circuito eléctrico permite o funcionamento da invenção e foram acopladas numa estrutura de acrílico. O software implantado no controlador, chamado Arduíno, processa as informações da plataforma e as traduz em forma de sons.

Para os engenheiros, esse chip é de fácil acesso e baixo custo, facilitando a aquisição do mesmo instrumento. Além disso, mesmo pequeno, ele compacta todo o código necessário para o próprio funcionamento, optimizando o trabalho. “Há um tempo, que você não encontrava um microprocessador por um valor acessível, era de três zeros pra lá. Hoje, o valor já reduziu bastante, o que facilita a aquisição de uma plataforma do tipo”, frisou o estudante, considerando que hoje, as tais ferramentas podem ser encontradas na casa dos dois dígitos e para tocar uma nota, o usuário deve apertar uma das 12 teclas do controlador, o que acciona às chaves do sistema e avisa sobre o comando. O microprocessador Arduino percebe a mudança da tensão no circuito eléctrico e transfere a informação para um software de música de um computador externo conectado via USB.

Guskuma ressalta que não é a plataforma que toca a música, mas manda a descrição da acção. “A parte sonora é realizada por uma máquina de fora. Funciona da seguinte maneira: apertamos a nota dó e, assim, geramos a abertura de uma das chaves do circuito. O chip, ao perceber esse movimento, redireciona e traduz o comando para o computador, que, aí sim, emite o som”, detalhou, acrescentando que a plataforma conta ainda com quatro potenciômetros, que permitem que o usuário controla a tonalidade das notas emitidas, variando a voltagem no circuito elétrico de 0 a 5 volts. Outra característica que chama a atenção é a versatilidade. Na fase de testes, o protótipo do controlador MIDI tocou uma música de três minutos em três combinações distintas. Na primeira, o aparelho foi conectado a um computador com software livre. Na segunda, a uma máquina com software pago. Por fim, foi ligado a um software num telemóvel. Em todos os casos, o sistema funcionou normalmente.

NOVAS ETAPAS

Por indicação da USP, Cristiano Lacerda está nos Estados Unidos participando dos primeiros trabalhos de acompanhamento da startup Ginga, criada por ele e o amigos para o desenvolvimento do projecto. “Durante o processo de fabricação do nosso protótipo, tudo foi produzido de forma muito rudimentar. Eu fui soldando o circuito sozinho, por exemplo. Com esse apoio, queremos aprender a tornar isso mais reprodutível”, sutentou, o também engenheiro eletricista.

Daqui, o jovem projecta outras alterações no sistema a fim de melhorar a capacidade técnica e musical. “Queremos implementar um menu eletrónico para ampliar a nossa escala total de tonalidade para 128 possibilidades. Não demanda nenhum botão a mais, vai ser tudo feito virtualmente, dentro de um código específico”, esclareceu Guskuma, enunciando que a plataforma, com a nova alteração, deve ficar pronta no próximo mês.

A dupla também almeja utilizar um processador com maior potência. “Hoje, precisamos conectar o nosso sistema a um computador externo por cabo USB para que a música toque. Mais para frente, pretendemos realizar essa conexão via wi-fi ou bluetooth, o que não aconteceria usando o Arduino como microprocessador. Mas, isso ainda exigirá um bom tempo”, diz Guskuma.

Plataformas com interface MIDI são utilizadas na criação, gravação e reprodução de música eletrónica. Geralmente, estão presentes em instrumentos musicais digitais, como teclados. Desenvolvida em 1980, a tecnologia não produz som por si só e, por isso, precisa de um outro equipamento que entenda a linguagem MIDI para gerar os efeitos sonoros desejados. Existem diversas classificações de interface MIDI. Na IN, o aparelho recebe um comando externo e emite o som equivalente. Na OUT, o aparelho emite o comando para uma fonte, mas não pode emitir som algum. Desse modo, quando se utiliza instrumentos eletrónicos para tocar música, precisa-se de uma plataforma MIDI OUT, que possa enviar o comando, como “emita a nota dó” ou “emita a nota dó com mais força do que a nota mi”;  e de uma plataforma MIDI IN, que possa receber a mensagem e desempenhar a actividade — no caso, emitir a nota dó.

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