Dog Murras critica proibição de uso da língua materna em Angola

0
384
Dog Murras é o nome artístico de Murthala Fançony Bravo de Oliveira. Foto: DR
- Publicidade -

O artista considera um insulto a todos àqueles que deram o seu sangue por uma angola livre para que se pudesse viver à maneira angolana e atribui a nota zero à Clinica Sagrada Esperança do Soyo, Zaire

O músico e compositor angolano Dog Murras manifestou na quinta-feira, 9, a sua total indignação pela forma como a Clínica Sagrada Esperança do Soyo tratou os seus funcionários angolanos ao proibi-los de falar na língua nativa.

Usando as suas plataformas digitais, o artista desvalorizou o procedimento administrativo desta instituição, considerando um “absurdo” o facto de se proibir os funcionários de dialogarem entre si na sua língua materna de origem bantu.

“É um autêntico abuso contra a nossa soberania. Nenhuma cultura é inferior ou superior a outra, mas o processo da escravatura implantou em nós o auto-ódio e o complexo de inferioridade com relação aos nossos hábitos e costumes”, explicou o empresário e artista que regressou este ano com um novo trabalho discográfico depois de 10 anos de interrupção, acrescentando que os nossos ancestrais, taxados de indígenas, foram obrigados a aceitar “goela à baixo” a imposição da cultura ocidental em detrimento da nossa, através da institucionalização de normas, leis e regras.

O artista, que recordou a não utilização da letra “K” na escrita angolana, dentre outros abusos que foram cruciais na mutilação da nossa cultura, entende serem estas as razões que criaram a desorientação total da nossa personalidade.

“Por isso é que hoje, em pleno século XXI, 46 anos depois da Dipanda, numa altura em que o país (parece) ser nosso, não podemos admitir que alguns angolanos, que se julgam assimilados, ou seja qual for a instituição, ressuscitem aqui a estupidez da era colonial ao proibir que funcionários angolanos se comuniquem entre si nas suas ‘línguas’ nacionais, dentro da sua circunscrição territorial”, denunciou o também activista social, rotulando este comportamento institucional como um escândalo, ridículo e absurdo.

Conhecido também como palestrante motivacional e activista social, Dog Murras, nome artístico de Murthala Fançony Bravo de Oliveira, nasceu a 17 de Fevereiro de 1977, iniciou a carreira artística depois de frequentar o curso de Belas Artes, numa das escolas secundárias de Joanesburgo, África do Sul.

Deixe o seu comentário
Artigo anteriorBrasil quer eliminar excesso de dinheiro público aos eventos
Próximo artigoCamões acolhe exposição da Escola Portuguesa de Luanda

DEIXE O SEU COMENTÁRIO

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui