“É preciso olhar às línguas de Angola, não como problema, mas como solução”, Mbiavanga Fernando

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Estas palavras foram proferidas pelo linguista angolano Mbiavanga Fernando esta quinta-feira, 26, em Luanda. O encontro contou com a presença de investigadores de Angola, Bélgica, Brasil, Moçambique e Portugal.

Durante a sua dissertação sobre os “Desafios das línguas de Angola no Contexto da Globalização”, na quarta conferência do ciclo do mês de Outubro da série Conversas da Academia à Quinta-feira, da Academia Angolana de Letras, em Luanda.

De acordo com o Jornal de Angola, o conferencista iniciou a sua abordagem com o processo de globalização em curso, a regulação da economia por parte dos mercados globais, o incremento das relações interpessoais e uma maior aproximação de pessoas e culturas.

“ Estou convencido de que o intercâmbio do conhecimento é a chave para o aumento da produtividade e para o sucesso”, frisou o académico, acrescentando que uma vez que a globalização produz alterações no espaço social, regista-se a transformação dos padrões linguísticos à escala global.

Mbiavanga Fernando entende que para além da transformação na organização dos espaços sociais e nas transações, tem ocorrido um fenómeno novo como é caso do multilinguismo global, com um diferencial positivo que consiste no aumento da competência comunicativa em várias línguas.

“A presente taxa de migração que atinge todas as geografias do planeta, o esvaziamento de pequenas comunidades devido à emigração crescente para os centros urbanos, bem como a homogeneização cultural e linguística, levam ao desaparecimento de muitas línguas locais”, sustentou o também docente no Instituto Superior de Ciências de Educação de Luanda, considerando igualmente que a globalização também ameaça a diversidade linguística.

PREOCUPAÇÕES

Referindo-se à situação linguística de Angola, Mbiavanga Fernando considerou preocupante, por entender que a política diglóssica tem estado a favorecer a língua portuguesa, adoptando-a como única língua oficial e única língua de acesso ao ensino no País.

Em função disso e “devido à ausência de contextos amplos de comunicação, as línguas de Angola têm estado a perder, de forma progressiva, os seus falantes”.

Depois do português, que é falado pela maioria da população angolana, as línguas mais faladas no nosso País são o umbundu, kikongo e kimbundu – línguas, cujos alfabetos estão aprovados desde 1987, mas nenhuma delas é língua oficial, nem mesmo regionalmente.

Mbiavanga Fernando considera que, para sua valorização, os principais desafios das línguas de Angola são a sua intelectualização e a formação de professores de qualidade.

FELICITAÇÕES

O Conselho de Administração da Academia Angolana de Letras felicita, em seu nome e dos seus membros, o escritor e académico Rosário Marcelino, pelo seu 70° aniversário natalício, assinalados ontem, expressando, com distinto regozijo, as suas felicitações.

Membro fundador da Academia Angolana de Letras e membro do seu Conselho de Administração no período 2016-2020, Rosário Marcelino é escritor, membro fundador da União dos Escritores Angolanos. Trabalhou no Instituto Nacional do Livro e do Disco, tendo-se formado em Direito.

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